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#VazaJato joga 1ª bomba sobre TRF-4, com conversas que implicam Gebran e delações
São 2 situações graves: um desembargador conversando com procuradores sobre voto ainda não concluído, e procuradores acelerando delação para forçar réu a assumir um crime cujas provas "de autoria" eram consideradas "fracas"
Jornal GGN – A revista Veja divulgou nesta sexta (12) uma das conversas mais graves já exibidas na série da #VazaJato até agora, em parceria com o Intercept.
Os diálogos mostram, de um lado, que João Gebran Neto, relator da Lava Jato em segunda instância (TRF-4), conversava sobre seus votos ainda não concluídos com os procuradores que atuam na operação. As conversas de Telegram denotam, ainda, que a turma de Curitiba quis agilizar a negociação de um acordo de delação premiada com um réu que possivelmente seria absolvido porque as provas foram consideradas “fracas” por Gebran.
Fechar o acordo antes do possível voto de absolvição era a “saída” apontada por Deltan Dallagnol para “garantir” que a condenação fosse confirmada pela segunda instância, pois a delação consistia em fazer o réu assumir as acusações do Ministério Público Federal, e entregar outras pessoas supostamente envolvidas ou beneficiadas por esquemas de corrupção.
Se Assad aceitasse o acordo antes do julgamento em segunda instância, então a condenação seria “garantida”, escreveu Dallagnol.
Segundo a reportagem, tudo começou cinco meses antes de Assad ser julgado em segunda instância, com Dallagnol comentando com os colegas de Curitiba que Gebran “está fazendo o voto e acha provas de autoria fracas em relação ao Assad.”
Em julho de 2017, Dallagnol procurou o procurador Carlos Augusto da Silva Cazarré, que atua no TRF-4, em Porto Alegre, e pediu para ele “sondar” a eventual condenação de Assad, mostrando que o colega tinha canal de comunicação aberto com Gebran.
“Cazarré, tem como sondar se absolverão do assad? (…) se for esse o caso, talvez fosse melhor pedir pra adiar agilizar o acordo ao máximo para garantir a manutenção”,escreveu Dallagnol.
Cazarré respondeu, confirmando a intimidado com Gebran: “Olha quando falei com ele, há uns 2 meses, não achei que fosse absolver… Acho difícil adiar.”
Dallagnol replicou que havia falado com Gebran “duas vezes”, em “encontros fortuitos”, e que o desembargador mostrou preocupação em relação à “prova de autoria” contra Assad. O curitibano pediu para Cazarré não comentar com Gebran dos encontros para “evitar ruído”.Veja especulou se Dallagnol estaria “aumentando” a história de que teria falado com Gebran apenas para forçar o colega a procurar o desembargador novamente. Mas dado o histórico de mensagens divulgadas pelo Intercept até aqui, atestando o grau de promiscuidade na relação entre as autoridades da Lava Jato, é mais provável que o coordenador da força-tarefa, de fato, tenha tido acesso “fortuito” ao desembargador.
No final das contas, em julho de 2017, Gebran fez um relatório a favor de manter a condenação imposta a Moro a Assad, mesmo achando a prova “fraca”. E o acordo com Assad acabou sendo fechado pouco tempo depois, em agosto daquele ano.
Para o criminalista Renato Stanziola Vieira, ouvido por Veja, é uma situação gravíssima porque um juiz não deve antecipar um voto não concluído para qualquer uma das partes. Deve, ao contrário, só comunicar suas decisões nos autos.
Curiosamente, procurado por Veja, Gebran respondeu que o caso de Assad é uma “questão processual e que somente autoriza manifestação nos autos, pelo que nunca externei opinião ou antecipei minha convicção sobre qualquer processo em julgamento.”
Gebran e Dallagnol responderam também que negam o teor das mensagens.
DESEMBARGADOR SOB SUSPEIÇÃO
A defesa de Lula já buscou na Justiça o afastamento de Gebran dos processos envolvendo o ex-presidente. A ação por suspeição se deu porque o desembargador manifestou várias vezes amizade com Sergio Moro, chegando a palestras ao lado do ex-juiz em evento organizado pela esposa, a advogada (e agora sócia de Carlos Zucolotto numa empresa de palestras) Rosângela Moro. Veja aqui e aqui.
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