Plano L
Nem Plano A, nem Plano B. Deu Plano L.
De um labirinto se sai por cima. Nada de ficar girando em torno dos mesmos pontos. Foi o que o Lula fez. Incorporou os Planos A e B e gerou o Plano L, que supera os outros dois e produziu uma síntese superior: PT unido e esquerda reunificada.
O Lula sempre preferia que o candidato fosse de nova geração. Repetia isso varias vezes. Mas a perseguição de que ele é vitima, fez com que ele aceitasse o desafio de provar sua inocência, garantir o direito de ser candidato e voltar ele mesmo a ser presidente do Brasil. Os arranjos políticos que ele comandou nestes últimos dias geram uma alternativa mais forte da esquerda e qualquer que seja o resultado final, ele na cabeça ou o Haddad, todos sabem que será o governo do Lula, do projeto que ele representa.
O vento levou rapidamente as visões catastrofistas que surgiram, de alguns neófitos, que não viveram outras crises do PT e da esquerda, de outros veteranos, mas que mostraram que não conhecem nem o Lula nem o PT, apesar de invocarem supostas proximidades. Anunciou-se uma rebelião das bases contra a direção do PT, o abandono dos tradicionais aliados pelo Lula, o esfacelamento do próprio partido.
Nada disso ocorreu. Lula conduziu o processo com a maestria de quem não tira os olhos do objetivo maior pelo qual se luta: ganhar as eleições e derrotar o golpe. Para o que é indispensável reunificar a esquerda, mas ao mesmo tempo garantir o caudal de apoio histórico do PT: o norte de Minas e o nordeste inteiro, com o qual, apesar da péssima campanha de 2014, se conseguiu o triunfo da Dilma.
Em que consiste o Plano L? Em primeiro lugar, na reafirmação da luta pelo direito do Lula ser candidato. Em segundo, no direito do Lula comandar o processo e, caso seja inviabilizada legalmente sua candidatura, ele indicar quem o representará nas eleições e, posteriormente, na presidência do Brasil.
Em segundo, apontar para uma nova geração de dirigentes políticos brasileiros – da qual poderia fazer parte também o Boulos, como o próprio Lula indicou no seu discurso em São Bernardo do Campo.
Em terceiro lugar, isolar alternativas que dispersam forças, sem conseguir se constituir como alternativas nacionais com capacidade de ganhar, como as do Ciro e a do Psol.
Em quarto lugar, desatar, desde já, a campanha do Lula, com o Haddad como seu porta-voz, participando de debates, entrevistas e outro tipo de atividades.
Não é a primeira vez que o Lula dá um novo e joga bola nas costas de quem não acredita nele. Porque uma coisa é a afirmação formal do Lula Livre e Lula Presidente. Outra é, na hora da articulações concretas para viabilizar esses objetivos, se perder no meio das arvores e ficar sem a visão do bosque, que somente os que tem capacidade de visão estratégica possuem.
O PT demonstrou capacidade de resolução dos seus problemas internos e se reafirmar como eixo fundamental para coordenar a unidade da esquerda. Lula se reafirma como o grande coordenador estratégico da esquerda. Das articulações finais para compor as candidaturas para as eleições de daqui a dois meses, a direita fica reduzida a suas expressões mais limitadas: Alckmin, Bolsonaro, Alvaro Dias, etc., etc. Não conseguiu o candidato que expressasse a rejeição da politica e teve que se contentar com seus nomes tradicionais. Ciro Gomes não conseguiu estabelecer alianças mais amplas, que pudessem faze-lo sair do estreito circulo de apoios com que conta desde o começo. O Psol tem tido menos apoio do que historicamente teve, apesar do bom nome do Boulos, não por demérito dele, mas porque o Lula passou a ocupar os grandes espaços no campo da esquerda.
Os nomes estão quase totalmente definidos. Resta a indefinição se Lula estará diretamente nas urnas eletrônicas daqui a 60 dias ou pela presença do Haddad. Mas a esquerda está pronta para o embate, com o Plano L.
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