O título do artigo do jornalista Janio de Freitas hoje na Folha já diz muito: “Como outrora”. Em seguida, ele conta que o secretário da Defesa dos Estados Unidos, James Mattis, chega hoje ao Brasil, com a missão de restabelecer acordos militares na América do Sul. Ele visitará também outros países do continente, que têm chefes de Estado dóceis a entendimentos com os americanos, caso da Argentina, Chile e Colômbia. Cita também o Equador, que tem um presidente que foi eleito com uma proposta de esquerda e governa para a direita.
“A regressão se dá em mais vias do que vemos na política e em outras paisagens do dia a dia brasileiro. Uma das vias não observadas tem hoje um dia marcante, com a chegada do secretário de Defesa dos Estados Unidos ao Brasil, sua parada inicial na América do Sul. O general James Mattis vem acelerar o empenho americano de restabelecer os acordos ‘de cooperação militar’ com países da região”, escreve Janio de Freitas.
Janio, então, lembra que o Brasil não tem tanta proximidade com a estratégia militar dos Estados Unidos desde que foi extinto o Acordo Militar Brasil-Estados Unidos no governo Geisel — na época, em represália à pressão do governo de Jimmy Carter pelo fim da tortura. Curioso é que os militares, como lembra Janio, estavam aqui justamente para orientar seus colegas brasileiras em práticas que não eram exatamente técnicas.
Com o fim da Guerra Fria, o avanço da China é que preocupa. Mas não é só isso. Há interesses comerciais muito grandes, em torno do petróleo.
A reaproximação entre os militares do Brasil e Estados Unidos têm outros alvos bem definidos. No governo Temer, Brasil e Estados Unidos voltaram a conversar sobre a base de lançamentos de mísseis de Alcântara no Maranhão, que os americanos querem assumir — mediante convênio, claro. Isso depois que a Boeing assumiu o controle da Embraer.
“A cessão da Embraer à entrada dominante da Boeing, empresa sob a influência da Secretaria de Defesa, é outro item da reaproximação em andamento. E, com a vinda do general Mattis, iniciam-se os entendimentos para um plano de segurança regional, aproveitando a oportunidade implícita nos atuais governantes de Brasil, Argentina, Colômbia e Chile, países a receberem o secretário”, afirma Janio.
“Contra que ameaças aos países procurados, isso os militares sul-americanos vão aprender nos cursos em bases americanas, como outrora era feito na Escola das Américas, no Panamá, e na ‘assistência técnica’ em seus próprios quartéis, também como outrora”, finaliza o jornalista, depois de lembrar que, “outrora”, os americanos permaneceram por aqui ao mesmo tempo em que se revia a doutrina nacionalista do Exército, que teve seu auge na campanha “O Petróleo É Nosso”, revisão da doutrina nacionalista que foi um dos legados do golpe de 64.
General James Mattis
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