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Líder do PT na Câmara dos Deputados, Paulo Pimenta (RS), afirmou que vai ingressar com ação no CNMP questionando um encontro de procuradores da República marcado para começar no sábado (29), nos EUA; Pimenta argumentou que o evento não possui utilidade pública, a não ser de turismo e estreitamento de relações entre membros do MP e empresas norte-americanas; tema do evento será "Organizações criminosas e tráfico de pessoas", mas, segundo o parlamentar, "Não há nada alusivo ao título do seminário. Na verdade, se trata de uma viagem turística".
Rede Brasil Atual - O líder do PT na Câmara dos Deputados, Paulo Pimenta (RS), afirmou que vai ingressar com ação no Conselho Nacional do Ministério Público questionando um encontro de procuradores da República marcado para começar no sábado (29), nos Estados Unidos. Pimenta argumentou que o evento não possui utilidade pública, a não ser de turismo e estreitamento de relações entre membros do MP e empresas norte-americanas. Além da ação, o parlamentar anunciou a realização de uma audiência com a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, na próxima quarta-feira (2), para tratar de possíveis irregularidades da Operação Lava Jato.
"Não sei se vocês sabem onde vai ocorrer esse encontro. Será em Nova Iorque, Washington e Filadélfia. São 40 vagas e existe um pedido do Ministério Público para que todos os procuradores sejam dispensados do trabalho durante o encontro", disse. O tema do evento será "Organizações criminosas e tráfico de pessoas", entretanto, Pimenta denunciou que não existe na programação do nada relacionado a tal pauta. "Não há nada alusivo ao título do seminário. Na verdade, se trata de uma viagem turística", disse.
Ao contrário de propor debates entre os procuradores, a programação, de acordo com Pimenta, apresentaria "restaurantes, visitas, locais de compra. É impossível que no Brasil não exista nenhum hotel ou centro de convenções que possa comportar o luxo e as regalias exigidos pela categoria. O que mais me chama a atenção é que esse encontro fora do Brasil não é novo". Nos seis anos anteriores em que o evento foi realizado, todos foram no exterior, segundo o parlamentar. "Ano passado, foi na Índia, onde os procuradores passaram 11 dias. No ano anterior, na China. Em 2015, na Espanha, e em 2014, em Paris. Em 2013, foi em Roma", disse.
Pimenta afirmou que teve contato com o convite para o evento do ano passado e que se assustou com o tom das palavras ali presentes. "No convite diz: 'Você que participará deste congresso se sentirá, na Índia, como um marajá'. Fazem referências ao Oriente e dizem isso. Vamos ver como eles se sentirão nos Estados Unidos agora."
O parlamentar afirmou que existem "fortes indícios de crime de improbidade administrativa, além da imoralidade. Existem súmulas de tribunais superiores sobre essa conduta de funcionários públicos. Assusta que essa categoria esteja se notabilizando por essas condutas desrespeitosas, no mínimo, com a sociedade brasileira. Eu e o deputado Wadih Damous (PT-SP) vamos fazer essas representações a fim de responsabilizar todos os envolvidos nesta verdadeira farra dos procuradores que acaba atingindo toda a instituição, que não pode ser maculada por esses procuradores que vivem fora da realidade".
Forças ocultas e Tacla Duran
Para o deputado, a escolha dos Estados Unidos é ainda mais escandalosa na presente conjuntura política. "Temos uma grave suspeita sobre uma relação ainda não esclarecida sobre procuradores e juízes brasileiros com americanos, à revelia do que prevê a legislação brasileira. Temos inclusive procuradores que se envolveram diretamente na questão de delações, ajudaram a firmar esses termos junto de procuradores norte-americanos e que hoje trabalham para empresas de lá."
"É curioso que em uma época como essa, tal evento aconteça lá. Dois dias em Nova Iorque, dois em Washington e dois na Filadélfia. Vamos entrar com representação no Conselho Nacional do MP e entregar também para a Raquel Dodge um pedido de informação sobre esses eventos. No que eles trazem vantagens para o erário? São muito evidentes os indivíduos de crime de improbidade administrativa. Já vi procurador condenar vereador por diária de 300 reais em encontro nacional de vereadores", disse.
Essa relação dos políticos com forças exteriores têm relação com o tema central do encontro entre os parlamentares e Raquel Dodge. Pimenta pretende questionar a PGR sobre a documentação entregue por parlamentares relacionada às denúncias do advogado Rodrigo Tacla Duran, sobre irregularidades do Judiciário. "Temos uma documentação robusta que foi entregue à PGR no mês de dezembro, após o depoimento do Tacla Duran na CPI do BNDES. Essas denúncias envolvem relação de juízes com escritórios para que fossem encaminhados clientes que teriam delações homologadas se contratassem tais escritórios, a 'panela de Curitiba'".
"Temos denúncias sobre a maneira como são pressionados familiares para que determinadas pessoas façam delação. Temos cópias de documentos que foram periciados na Espanha, eles revelam manipulação em planilhas, sistemas eletrônicos que foram utilizados como provas em ações da Lava Jato. Uma farta documentação que passou por um serviço de autenticação e foi feita uma análise de veracidade, são documentos que têm fé pública", completou.
Pimenta diz não entender como, com tantos elementos, não foi instaurado nenhum processo para análise dos fatos apresentados. "Temos dificuldade de entender porque até agora, mesmo com a gravidade do que levamos à PGR, nenhuma medida foi adotada sequer para que se instaure um procedimento investigativo. Vamos dizer para a Raquel (Dodge) que se não acontecer qualquer investigação, estará classificado o crime de prevaricação."
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