Na Fronteira da Paz, Lula discute América Latina com Mujica, Dilma e Correa
Ex-presidente inaugurou etapa sulista da caravana com debate em defesa da retomada da autonomia latino-americana
Foto: Ricardo Stuckert
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reuniu nesta segunda-feira (19) com os ex-presidentes Pepe Mujica, do Uruguai, e Rafael Correa, do Equador, além da presidenta eleita Dilma Rousseff. O encontro, que ocorreu na Fronteira da Paz, em Santana do Livramento, teve como objetivo debater a reconstrução da unidade da América Latina.
Para Mujica, a América do Sul vive um momento de conflito social, com o avanço da direita no continente. "Houve uma mudança muito forte na América do Sul. A economia se impõe à sensibilidade social. É preciso crescer economicamente, porém repartindo. Outra preocupação é a confrontação entre os países. Vemos a sociedade raciocinando em branco e preto, deixando de se respeitar apesar das diferenças", observou.
De acordo com o ex-presidente uruguaio, apenas a pacificação da sociedade pode restabelecer o clima de normalidade na América Latina. "Viver permanentemente em choque não convém a nenhuma sociedade. E isso significa aprender a tolerar-se e negociar todo o necessário para que as pessoas possam viver com tranquilidade. Esse é o desafio que me parece que temos todos hoje na América. Com ódio, se retrocede".
Já Lula ressaltou sua admiração e respeito pelo uruguaio e relembrou que os mesmos caminhos que levaram o continente à se integrar e fortalecer, com a criação da Unasul, por exemplo, também despertaram incômodo no imperialismo. "Os americanos começaram a se incomodar, não estavam habituados com a auto determinação dos povos. Começamos a tomar decisões econômicas sem consultá-los, começamos a virar protagonistas internacionais, com a criação de uma unidade que não conhecíamos", relatou o ex-presidente. "Resolvemos estabelecer uma política de compartilhar a riqueza que conseguíamos produzir no nosso continente e isso incomodou".
O ex-presidente do Equador, Rafael Correa, ressaltou o papel da mídia na desestabilização política e econômica dos países na América do Sul. "Há um renascimento da direita conservadora. A imprensa burguesa corrupta que não informa, apenas manipula, foi um inimigo principal dos governos progressistas no continente".
Correa também saiu em defesa do ex-presidente Lula e fez duras críticas à perseguição que o tem como alvo."A injustiça que se faz contra um homem é uma injustiça contra toda humanidade", declarou.
Na fronteira
A um passo do Uruguai, Lula reafirmou que não deixará o Brasil, mesmo sob ameaça de prisão. "Estou aqui na fronteira, poderia dar um pulinho ali no Uruguai, mas não vou. Sabe por que? Porque estou tranquilo com minha inocência e quem terá de sair do país um dia são eles", disse.
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