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LULA PELO BRASIL

Caravana de Lula no Sul avança em respeito ao 'compromisso com a maioria'

Com operações de inteligência e logística, a jornada dos ex-presidentes Lula e Dilma pelo Sul tem superado a conduta violenta de pequenos grupos e chegado nas comunidades onde são esperados
por Cláudia Motta, especial para RBA e TVT
RICARDO STUCKERT
Lula em São Borja
Lula em São Borja: 'Vim aqui por uma coisa muito simples: começamos a ganhar direitos e deixar de ser escravos com Getúlio Vargas'
São Miguel – A Caravana Lula pelo Brasil avança nesta quinta-feira para seu quarto dia jornada pelo Sul do Brasil. Apesar da violência de pequenos grupos de extrema-direita, apoiados por ruralistas da região, paradas estratégicas, desvios de rota e apoio das comunidades que a esperam têm assegurado, com forte apoio de movimentos sociais, a chegada aos compromissos traçados junto com as populações locais. A presença agressiva dos pequenos grupos que a senadora Gleisi Hoffmann chamou de "agroboys" tem sido superada com coragem, e uma grande operação de inteligência e logística.
Para os organizadores, a chegada a São Borja, no extremo oeste do Rio Grande do Sul, nesta quarta-feira (21) compensou toda a estratégia adotada pela equipe que acompanha as caravanas. Esse tem sido o trecho mais "duro" de todos os já percorridos pelo Nordeste, norte de Minas, Rio de Janeiro e Espírito Santo.
Uma praça lotada esperava a comitiva que leva o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a ex-presidenta Dilma Rousseff, ex-governadores e parlamentares.
O bombeiro aposentado Adilson Araújo, 51 anos, foi até a praça para participar como cidadão. “É importante ele vir aqui explanar as ideias dele. O pessoal conhece, mas é importante ele dar uma reforçada. E tem de ter coragem, inclusive. Tem movimentos opostos. Faz parte da vida política”, disse, comentando sobre o grupo que se manifestava a poucos metros da praça onde acontecia o ato e está publicada a carta testamento do ex-presidente Getúlio Vargas. “Mas olha, são atos mínimos e ainda assim vejo como um pouco de ingratidão, porque eles vêm com maquinários que foram todos financiados pelos governos da Dilma e do Lula", diz o bombeiro, satisfeito por estar do lado da maioria.
Da terra onde estão os mausoléus de Getúlio, João Goulart e Leonel Brizola, Adílson não considera nem que haja divisão política. “Com certeza não há. O pessoal está em massa do lado do Lula, pelo que ele fez pelo povo pobre, e é motivo de orgulho ele vir aqui na cidade, na terra dos ex-presidentes. E a cidade melhorou muito com os governos petistas, só não vê quem não quer.”
Adilson estava na praça com o primo Elói Carvalho de Araújo, 46 anos, trabalhador rural, a quem chama de "artista" pelos versos que sabe fazer. Criado trabalhando como peão, tímido, Elói diz fazer questão de dizer está ali "porque os governos de Lula e Dilma foram muito bons" para o povo. “Hoje não temos para onde olhar, não há futuro. Não existem lideranças capazes de mudar a situação do país. Só ele, o cara”, disse. 
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Lula e Dilma têm cumprido juntos todas as etapas programadas desde segunda-feira (19)

Jovens na luta

Alunas de Serviço Social do campus de São Borja da Universidade Federal do Pampa, Marivane Borges Gonçalves e Taís Miranda comemoravam a visita da caravana.
“Isso para nós é algo histórico, porque a gente sabe da luta do trabalhador, principalmente diante dos direitos que a gente vem perdendo. E ter o Lula aqui na nossa terra é uma honra incrível, principalmente para nós estudantes de uma universidade federal”, disse Marivane, de 27 anos. Nascida em São Borja, pai técnico de enfermagem e mãe dona de casa, é a única de três irmãos que conseguiu estudar.
A estudante reforçou a afirmação de que os protestos pela passagem da caravana estão ligados a ruralistas. “São principalmente granjeiros e fazendeiros, a grande elite, que vem com suas máquinas e cavalos. Fazem isso porque não querem que o povo trabalhador em nenhum momento tenha direito a salário digno, a políticas públicas, acesso à universidade que é um avanço na nossa cidade.”
Taís Miranda, de 18 anos, contou que estava na praça para "prestigiar um governo, dois líderes políticos que lutaram pelo direito do povo, do pobre, do negro, do LGBT. É esse tipo de líder político que apoio". Nascida em Dom Pedrito, região de Bagé, disse estar acostumada aos ataques de grupos de direita.
E comenta a realização de ter chegado à universidade: “Para nós, isso era para filho de dentista, de professor universitário, de quem ganha melhor. Chegar aqui e estudar gratuitamente um ensino de qualidade é uma realização muito grande”, diz. “Fico muito triste de ver que lideranças desses grupos apoiem o sucateamento das universidades, o abandono, o corte de verbas dessas escolas que foram feitas pensando em pessoas que não têm como pagar por ensino particular.”
Com o pai desempregado e a mãe professora do ensino público fundamental, a jovem tem duas irmãs que também estudam na Unipampa e um irmão mais velho, já formado pela instituição, que recebe também jovens vindo de outros estados.
Gustavo Emílio dos Santos, 22 anos, nascido em Presidente Prudente (SP), mudou-se para São Borja cursar Publicidade e Propaganda na Unipampa. Segundo ele, a universidade já teve mais da metade dos recursos cortados pelo governo Temer. “Por isso, estudantes e professores estão juntos para tentar passar por esse momento. Ainda há uma esperança. Esse dois ex-presidentes lutaram pelo direito que tenho de estudar e ter acesso a uma educação de qualidade.”
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Sítios arqueológicos são uma característica da região, em São Miguel das Missões

A caravana passa

Nesta quinta-feira (22), a caravana amanheceu em São Miguel das Missões, 160 quilômetros a leste de São Borja, e a 480 da capital. A região é conhecida pelo seu patrimônio paleontológico. à 9h, Lula e Dilma visitam o sítio arqueológico de São Miguel Arcanjo. Em seguida percorrem mais 125 quilômetros em direção ao centro do estado, com parada por volta das 13h em Cruz Alta, conhecida como terra dos Guarani, dos tropeiros e lugar onde nasceu, em 1905, o escritor Erico Veríssimo. 
O dia termina em Palmeira das Missões, 130 quilômetros mais adiante, onde será realizado um ato com movimentos sociais, a partir das 18h.
Do outro lado do país, o Supremo Tribunal Federal julga hoje pedido de habeas corpus preventivo pedido pela defesa de Lula para evitar que seja preso. O pedido de prisão pode ser feito assim que o Tribunal Regional Federal da Quarta Região responder, provavelmente na segunda-feira (26), aos embargos de declaração apresentados pelos advogados do ex-presidente.

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