"Moradores sendo fotografados e 'fichados' para poderem sair da comunidade em que vivem. As cenas do Rio de Janeiro sob intervenção federal na área de segurança pública, tendo as Forças Armadas à frente, são apenas o mais novo capítulo de uma longa história de desrespeito aos direitos dos mais pobres", diz ele.
Segundo Sakamoto, boa parte da população está deixando de acreditar na coletividade e buscando construir sua vida tirando o Estado da equação. "Uns contam com a ajuda dos vizinhos, outros da igreja do bairro. Vão cozinhando sua insatisfação em desalento, impotência, desgosto e cinismo. Isso não estoura em manifestações com milhões nas ruas, mas gera uma bomba-relógio que vai explodir invariavelmente em algum momento, ferindo de morte a democracia", diz ele.
"Talvez o tempo da indignação já tenha passado para muita gente. E, por não ter produzido frutos, abriu caminho para a desconstrução de instituições que três décadas de democracia ergueram por aqui. A busca de soluções fáceis por governos que não se preocupam com a dignidade dos mais pobres, apenas com sua própria sobrevivência, pavimentou essa estrada", afirma Sakamoto.
"A República vai afundando. A dúvida é se a população, maltratada, vai ser irônica a ponto de bater palmas quando ela desaparecer no horizonte", diz ele.
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