O Rio para Lula e para o golpe

O Rio para Lula e para o golpe

Reuters | Stuckert
Depois de ter dilapidado o governo do estado do Rio de Janeiro, com o governo ladrão de Sérgio Cabral e o governo incompetente de Pezão, o governo golpista, do mesmo partido deles, promove uma intervenção no Rio. Para, supostamente, acabar com o caos na segurança pública. Caos produzido por quem? Quem governou o estado nos últimos 11 anos?
Diga-me o que você faz com o Rio e eu te digo que concepção você tem do Brasil. O neoliberalismo se empenhou em degradar a imagem do Rio, considerado espaço não recuperável para os grandes empreendimentos privados. Muito espaço público, a começar pelas praias, passando pelos centros culturais públicos e as tradições musicais populares, enquanto os grandes empreendimentos privados se concentravam em São Paulo e levavam as sedes de suas empresas para esse estado, tratando de esvaziar economicamente o Rio.
O auge da degradação da imagem do Rio se deu durante o governo do FHC. Colunistas da velha mídia, como Jabor e Danuza, se transferiam para São Paulo e promoviam a apologia do reino da grana naquele estado, enquanto se dedicavam, nas páginas dos jornais paulistas, a falar da decadência irreversível do Rio.
A chegada do Lula à presidência representou não apenas o resgate do Brasil, como teve um sentido particular para o Rio. As políticas do governo em relação à Petrobras, ao BNDES, à recuperação da indústria naval, assim como as políticas sociais dirigidas ao estado, fizeram com que o Rio passasse pelo melhor período em muito tempo.
O Rio melhorou muito e os cariocas recuperaram sua autoestima.
Da mesma forma que o Rio tinha sido um destino privilegiado da atuação do governo federal durante o Lula e a Dilma, passou a ser vítima privilegiada das maldades do governo do golpe. Como parte do desmonte do Estado, a Petrobras e o BNDES foram duramente atingidos assim a indústria naval, tudo com efeitos diretos sobre o Rio, do ponto de vista da expansão econômica, do nível de emprego e de todos os outros efeitos sobre o conjunto do estado.
Paralelamente, o estado foi atingido pelas repercussões das denúncias de corrupção, centradas no governo de Sérgio Cabral, mas que atingiram a todo o PMDB e os seus governos no estado. Jorge Picciani está preso, assim como vários dos ex-secretários de Cabral, Pezão, Paes e outros dirigentes desse partido se encontram com processos. O poder público do Rio de Janeiro se desfez, entre a falência econômica e política e a desagregação como efeito da corrupção.
A intervenção no Rio é apenas um passo mais para terminar com qualquer governo no estado. Se manipulam os dados sobre a violência – que no carnaval foi particularmente menor, dado a dimensão de milhões de pessoas sambando nas ruas da cidade – para impor a intervenção e a militarização da segurança pública.
Uma ação militar de ocupação das zonas que eles consideram, de forma absolutamente discriminatória, como envolvidas com o trafico, a ponto de disporem de mandados coletivos de busca e prisão, sobre um conjunto de casas e de famílias. No momento em que é consenso pelo mundo afora – até para ex-presidentes latino-americanos, entre eles o próprio FHC – que a guerra contra o trafico fracassou totalmente, que é preciso avançar em outra direção, da descriminalização das drogas leves, como se dá com total sucesso em países como Portugal e Uruguai.
A intervenção é uma forma de criminalização das favelas do Rio e da imensa população que habita ali, população na sua grande maioria trabalhadora.
Por isso Lula foi recebido tão calorosamente pela massa da população carioca, na Caravana ao Rio, em especial na Baixada Fluminense, com saudades do seu governo e com esperança que ele possa voltar. Ele representa a possibilidade de que o Rio pode ser recuperado, mas na via oposta da proposta pelo governo golpista.
É por ações do governo federal, mas para explora o potencial que o Rio demonstrou ter, com recuperação da Petrobras e de todos os seus investimentos no estado, no resgate da indústria naval, nos recursos liberados pelo BNDES. Na retomada das politicas sociais que conseguiram diminuir a pobreza e a exclusão social, ao mesmo tempo que a política econômica gerava os empregos que os trabalhadores cariocas tanto necessitam.
Cada vez mais fica claro para os brasileiros que ha dois caminhos para o pais e também para o Rio: o da repressão, da estigmatizarão, da recessão e da miséria. Ou o da retomada dos investimentos produtivos, do crescimento econômico, da geração de empregos, da paz e da fraternidade.

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