Lideranças reunidas contra a perseguição a Lula apontam a disposição de luta para defender o direito do ex-presidente ser candidato. 'Tudo tende a piorar quando eles consagrarem a reforma da Previdência', destacou Lula
por Redação RBA*
MÍDIA NINJA
Lula: hoje falaram 10 horas seguidas, leram não sei quantas páginas e não tem um crime. Se apresentarem crime, eu desisto da candidatura
São Paulo – "Este é um ato em defesa do Brasil. Eu nunca tive nenhuma ilusão com o resultado do julgamento. Quem está no banco dos réus é o Lula. Mas quem já foi condenado é o povo brasileiro. Tudo tende a piorar quando eles consagrarem a reforma da Previdência", disse há pouco o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em ato em defesa da democracia na Praça da República, no centro de São Paulo. O ato reuniu cerca de 50 mil pessoas por volta de 20h.
Lula foi condenado hoje (24) por unanimidade em segunda instância, por três votos a zero, pela oitava turma do Tribunal Federal da 4ª Região (TRF4). "Hoje falaram 10 horas seguidas, leram não sei quantas páginas e não tem um crime. Se apresentarem crime, eu desisto da candidatura. Eu agora quero ser candidato à Presidência da República. Eu agora tenho vontade de ser", disse ainda o ex-presidente.
Por volta de 20h50, o ex-presidente deixou o local e os manifestantes saíram em marcha em direção à Avenida Paulista, subindo a Rua da Consolação.
“Essa ditadura que está colocada será enfrentada por nós. A aparente derrota é válvula propulsora de nossa mobilização”, disse antes a presidenta do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), Maria Izabel Azevedo Noronha, a Bebel.
"Hoje é um momento triste. Não foi totalmente inesperado, mas sempre havia um pouco de esperança. Falhas no processo apontadas inclusive por juristas conservadores. O capital financeiro é que comandou esse golpe”, avaliou o ex-ministro das Relações Exteriores Celso Amorim, que deverá ser candidato ao governo do Rio de Janeiro.
“Se os desembargadores pensam que essa decisão tirou Lula do jogo, estão completamente enganados”, disse o presidente estadual do PT e ex-prefeito de São Bernardo do Campo, Luiz Marinho, que fez um apelo à unidade da esquerda já no primeiro turno das eleições deste ano para a presidência da República.
O senador Lindbergh Farias (PT-RJ) disse que daqui a 30 ou 40 anos vamos nos lembrar desta data. “O julgamento não foi do Lula. Hoje, eles acabaram com a democracia brasileira e com o pacto construído na Constituição de 1988 por todos os partidos e todos os grupos. Primeiro, rasgaram mais de 54 milhões de votos, segundo, rasgaram a Constituição com a Emenda 95. Agora, querem transformar a eleição em uma fraude, em um jogo de cartas marcadas. Querem tirar o representante do povo que lidera todas as pesquisas. Não vivemos mais em uma democracia no Brasil, é preciso que saibamos disso de uma vez por todas”, disse o senador.
Lindbergh fez referência às ligações do golpe institucional promovido pelo judiciário com os interesses dos norte-americanos. “Você sabe que na história ainda vamos entender o real papel dos EUA neste golpe. Lembro quando Lula anunciou o pré-sal, os EUA colocaram frota no Atlântico Sul. O Brasil foi espionado, os EUA participaram da conspiração contra Getúlio. Em 1964, o presidente dos EUA colocou tropas à disposição do golpe”, afirmou. O senador disse ainda que o “Judiciário conspira pelas elites contra o povo trabalhador”.
Com reportagem de Vitor Nuzzi e colaboração de Gabriel Valery.
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