Mark Weisbrot: “Não é o fim. Enquanto estiver vivo, Lula desempenha um papel importante” - Vídeo

Assista à entrevista de Aline Piva, exclusiva para o Nocaute, com o economista Mark Weisbrot, que ontem escreveu um artigo no NYT criticando a condenação do ex-presidente



O economista norte-americano Mark Weisbrot vem captando as atenções da mídia no Brasil. Um artigo de sua autoria, recém-publicado pelo jornal The New York Times, traz uma análise bastante desalentadora sobre as consequências do julgamento de Lula, caso os juízes do TRF-4 decidam pela confirmação da sentença contra o ex-presidente Lula. Para Weisbrot, “o Brasil terá que ser reconstituído como uma forma de democracia eleitoral muito mais limitada, na qual um judiciário politizado pode excluir um líder político popular de concorrer a um cargo público. Isso seria uma calamidade para os brasileiros, para a região, e para o mundo”.
Em entrevista exclusiva para o Nocaute, que será publicada na íntegra nessa quarta-feira (24), Weisbrot comenta as prováveis consequências de uma condenação de Lula, o possível papel dos Estados Unidos no golpe parlamentar contra Dima Rousseff, e como o ativismo político do judiciário brasileiro vem contribuindo para a deterioração do Estado de Direito no Brasil.

Assista aqui à primeira parte da entrevista:
Mark Weisbrot: Eu não acho que isso seja o fim. Enquanto Lula estiver vivo, ele vai ser capaz de desempenhar um papel muito importante. Quer dizer, veja o que ele fez em sua presidência. Em primeiro lugar, não houve praticamente nenhum crescimento econômico per capita por quase 33 anos antes do Lula ser eleito. Então você tem essa década, desde 2003 até 2014, onde você teve conquistas reais. A taxa de pobreza foi reduzida em 55%, pobreza extrema em 65%. Ele até conseguiu ter alguma redução na desigualdade, 75% de aumento real no salário mínimo. Então essas coisas foram avanços reais, e foram um avanço para a democracia. E eu digo mais: algo que é realmente importante é que nesses anos, isso foi de 2003 até o impeachment, em 2016, certo? O Partido dos Trabalhadores nunca prejudicou a democracia. Não só nunca fez nada como o que estamos vendo agora, eles nunca fizeram isso. Nem mesmo quando Dilma estava lutando pela sua sobrevivência contra um impeachment inconstitucional, eles sempre se mantiveram dentro dos limites da lei. Eles não pressionaram a mídia, eles não tentaram tomar medidas para se agarrar ao poder ilegalmente ou abusaram do poder. Então seja lá o que você queira dizer sobre o Partido dos Trabalhares e qualquer erro que eles possam ter cometido, ou corrupção (algo que você tem em todos os partidos do Brasil), eles nunca prejudicaram – ou nesse caso, destruíram -, o Estado de Direito ou a independência do Judiciário. De fato, eles aumentaram a independência do judiciário e foi assim que eles acabaram nessa confusão em primeiro lugar, porque o Judiciário se tornou um ator político. Então isso é algo realmente importante, e eu penso que isso demonstra algo muito pouco lisonjeiro sobre a mídia internacional, e claro, sobre a mídia brasileira. Que eles não respeitam isso, que eles não respeitam aquele governo por isso, e que eles não veem o contraste entre aquele governo e o que vocês têm agora.

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