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O deputado Enio Verri (PT-PR) defende que a operação lava jato — comandada pelo juiz Sérgio Moro e o procurador Deltan Dallagnol, o DD — deve satisfações à sociedade. O parlamentar cita como elemento grave “o depoimento de Rodrigo Tacla Durán, para quem Carlos Zocoloto pediu U$ 5 milhões para livrar-lhe uma multa de U$ 15 milhões” no âmbito da força-tarefa da “Panela de Curitiba”.
Por Esmael Moraes, em seu blog
O deputado Enio Verri (PT-PR) defende que a operação lava jato — comandada pelo juiz Sérgio Moro e o procurador Deltan Dallagnol, o DD — deve satisfações à sociedade. O parlamentar cita como elemento grave “o depoimento de Rodrigo Tacla Durán, para quem Carlos Zocoloto pediu U$ 5 milhões para livrar-lhe uma multa de U$ 15 milhões” no âmbito da força-tarefa da “Panela de Curitiba”.
Acima da Lei e de qualquer suspeita?
Enio Verri*
Importante instrumento de investigação e combate à corrupção, a Lava Jato se transformou em meio de perseguição política ao Partido dos Trabalhadores e ao ex-presidente Lula. No rastro de suas ações, as justificativa para entregar aos países centro de poder, uma das maiores petroleiras do mundo e a gigantesca reserva de petróleo, o pré-sal. A cada arbitrariedade e contradição, a Força Tarefa se revela títere da elite que instalou o golpe e protetora de membros do PMDB e do PSDB, flagrados com malas e apartamento com dinheiro e registros bancários, sonoros e audiovisuais.
A rejeição de 53% da população às medidas do juiz Sérgio Moro é o reflexo de três anos de entrega do ego aos sedutores holofotes da imprensa, cujo único compromisso é com o capital financeiro. Conduções coercitivas e escutas ilegais, condenação sem crime, recusa de perícia em documentos alegados falsos e, recentemente, o mais contundente golpe contra a operação. O depoimento de Rodrigo Tacla Durán, para quem Carlos Zocoloto pediu U$ 5 milhões para livrar-lhe uma multa de U$ 15 milhões. Tão grave quanto a acusação é o silêncio fisiológico dos conselhos do Judiciário e do MPF.
O inédito fato de um instituto de pesquisa analisar índice de popularidade de um juiz de primeira instância é um atestado do ativismo político do meritíssimo. O índice revela também a força da internet diante dos grandes veículos de comunicação. Mesmo com toda a exposição positiva, franqueada pelas nove famílias que controlam a comunicação no País, a imprensa séria e o ativismo da militância da esquerda furaram a “bolha” da comunicação. O debate, que se dava eminentemente no campo da esquerda, extrapolou o seu espectro e alcançou toda a sociedade que, pelo resultado, não se mostra alienada.
A população compreende que foi ilegal a interceptação e o vazamento da conversa entre a presidenta Dilma e Lula para a maior rede de comunicação do País, a Rede Globo. Também compreendeu a ilegalidade da condução coercitiva de um suspeito que compareceu a todas as intimações para depor, ou prestar algum tipo de esclarecimento. A população aguarda uma explicação da Força Tarefa por se recusar a periciar documentos que ela mesma acusou de serem falsos. Isso é inexplicável.
O juízo da 13ª Vara de Curitiba deve à população as provas com as quais condenou Lula a 9,5 anos de prisão. Jogou nas mãos do TRF4 uma grande responsabilidade. Confirmar a condenação coloca em definitivo todos os brasileiros sob um precedente muito perigoso. Qualquer pessoa poderá ser condenada por convicções extraídas de delações premiadas, sem provas. O Judiciário inova em prescindir de provas para condenar. O sentimento de perseguição a Lula se reflete na mobilização nacional e internacional que fará precipitar em Porto Alegre, milhares de pessoas, em defesa da democracia.
É difícil saber o que é mais indecente, se a nudez da Força Tarefa ou a cegueira cúmplice dos conselhos do Judiciário e do MPF. Quem seria o “DD”, membro da Força Tarefa, a quem Zucoloto pediria a anuência para concretizar o negócio milionário com a multa de Durán? Essa acusação não é uma delação premiada sem provas, trata-se de uma troca de mensagens entre os dois advogados. Com essas atitudes, não nos espantemos se a Lava Jato desaparecer, antes do fim de 2018, desmoralizada e sem prender um único tucano. Uma vergonha.
Porém, mais que vergonha, a Lava Jato causou ao País um prejuízo superior a R$ 140 bilhões. Até junho deste ano, o valor em obras paradas era estimado em R$ 90 bilhões. A Força Tarefa revela-se incompetente na recuperação do que foi desviado, ao anunciar, com pompas e circunstâncias, a devolução de mais de R$ 600 milhões. Dos 13,7 milhões de desempregados cerca de dois milhões podem ser creditados na conta da operação, que não apenas prendeu os executivos das empresas, mas paralisou obras fundamentais, em todo o País, que iam da construção de estaleiro a centro petroquímico.
A operação Lava Jato não pode ser desmoralizada. Apesar do seu mau uso, ela teve o papel de esclarecer melhor a promiscuidade entre a iniciativa privada, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. Ela é a responsável pelo fim do financiamento de campanha política por pessoas jurídicas. É certo que inventarão outra maneira de financiarem-se. A corrupção é passível de ocorrer onde existe seres humanos. A Força Tarefa da Operação deve satisfações à sociedade. Esquivar-se será atestado da sua falência.
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