Stédile concorda com general: Brasil é um Titanic e a elite foge nos salva-vidas; é preciso defender Lula e escrachar a Justiça que tem lado, diz coordenador do MST

Stédile concorda com general: Brasil é um Titanic e a elite foge nos salva-vidas; é preciso defender Lula e escrachar a Justiça que tem lado, diz coordenador do MST


Da Redação
Numa bem humorada análise de conjuntura realizada em evento que reuniu os amigos do MST, na Escola Nacional Florestan Fernandes, em Guararema, no interior de São Paulo, o coordenador do movimento, João Pedro Stédile, disparou à esquerda e à direita.
Denunciou o governador da Bahia, Rui Costa, do PT, que numa disputa entre agricultores e latifundiários em Correntina, no interior do Estado, ficou ao lado do grande capital*.
Por outro lado, disse que o atual ocupante do Planalto, Michel Temer, é um “pau mandado, cafajeste”, que só merece consideração no contexto da guerra de classes que irrompeu abertamente depois da derrubada de Dilma Rousseff.
Para Stédile, no campo o capital tem hegemonia total no momento, algo que vem desde o segundo mandato de Dilma, quando a reforma agrária foi praticamente interrompida.
Porém, na avaliação dele, depois das muitas derrotas de 2016 existe agora uma situação de equilíbrio, expressa na incapacidade do governo Temer de aprovar a reforma da Previdência.
Para Stélide, a classe trabalhadora já escolheu seu candidato, e é Lula.
O coordenador do MST disse que os filiados do movimento não são petistas, mas entendem que não existe alternativa ao ex-presidente.
Ele criticou candidatos lançados pela Folha de S. Paulo como candidatos da classe representada pela Folha.
Em 25 de novembro último, o jornal noticiou que Lula teria tentado demover Guilherme Boulos, do MTST, de uma possível candidatura presidencial pelo PSOL.
Stédile não mencionou Boulos pelo nome. O MTST mandou representante ao encontro e tem atuado em parceria com o MST em várias frentes. O atual deputado federal Marcelo Freixo (PSOL-RJ) confirmou quer Boulos foi sondado pelo partido mas não deu resposta conclusiva.
O coordenador do MST concordou com frase dita em entrevista dada em fevereiro deste ano pelo comandante do Exército, Eduardo Dias da Costa Villas Bôas: “Somos um país que está à deriva, que não sabe o que pretende ser, o que quer ser e o que deve ser.”
Para Stédile, o Brasil é um Titanic e a elite está correndo para os botes salva-vidas, enquanto o povo se afoga nas medidas antissociais.
A saída? Eleger Lula e convocar referendos revogatórios sobre as medidas adotadas pelo governo Temer em janeiro de 2019.
Para o coordenador do MST, a eleição de 2018 será a primeira de sua vida que vai expressar abertamente a guerra de classes. “Não vai ser coisa de publicitário, com paz e amor”, vaticina.
“Ainda bem que o Lula já entendeu”. Mas, para Stédile, a militância de esquerda parece incerta sobre a unidade em torno do ex-presidente.
Ele afirmou que o MST começará em 22 de janeiro vigílias em defesa de Lula diante de fóruns de todo o Brasil, culminando com grandes atos diante dos TRFs de Curitiba e Porto Alegre, no dia 24.
Para Stédile, é preciso denunciar a Justiça brasileira. “[Dias] Toffoli é um puxa-saco do Lula. Carmen Lucia subiu pelas mãos do Itamar Franco. Como é que ela conseguiu comprar uma mansão de R$ 8 milhões no Lago Sul de Brasília? Com dinheiro de salários?”.
Segundo levantamento recente de O Globo, 71,4% dos juizes brasileiros ganham acima do teto constitucional de R$ 33.763,00.
Uma lista de salários do TRF-4, baseado em Porto Alegre, mostra vários desembargadores recebendo acima de R$ 100 mil por causa dos penduricalhos.
No próximo sábado, com a presença de Chico Buarque, será inaugurado o estádio dr. Sócrates em Guararema, com uma partida entre o Politheama e os veteranos do MST. Mais de 500 pessoas já confirmaram presença. O ex-presidente Lula deve comparecer.
Ouça, no pé deste post, a análise de conjuntura completa feita por Stédile.
Os camponeses denunciam a destruição do Cerrado para o plantio de monoculturas e o consumo desproporcional de água. Propriedades da empresa do agronegócio Igarashi, exportadora de algodão e grãos, as duas fazendas consomem, aproximadamente, 100 vezes mais água do que toda a população da sede municipal.
O Instituto Estadual do Meio Ambiente (INEMA) concedeu à fazenda japonesa, em janeiro de 2015, o direito de retirar do rio Arrojado um montante de 182.203 m³ por dia. A outorga é uma das centenas concedidas em todo o oeste baiano.
Segundo a Comissão Pastoral da Terra (CPT) este volume de água é suficiente para abastecer mais de 6,6 mil cisternas domésticas de 16.000 litros na região do semiárido. Agrava-se a situação ao se considerar a crise hídrica do rio São Francisco, quando, neste momento, a barragem de Sobradinho, encontra-se com o volume útil de apenas 2,84%.
Guerra pela água
A disputa pela água não é isolada em Correntina. Toda a região do Oeste da Bahia passa pelos mesmos problemas desde a década de 1970, com o início da expansão do agronegócio, tendo se agravado com a chegada das empresas estrangeiras.
Além do capital japonês, há americanos, holandeses e portugueses que, com o uso da violência somado à omissão dos órgãos competentes, realizam grilagem de terras que já chegam a mais de 2 milhões de hectares retirados dos camponeses e ribeirinhos.

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