DÉCIO LIMA
Janeiro de 2018: o Brasil tem um encontro marcado com a história
O golpe de estado em curso no Brasil meteu-se em um atoleiro. Após quase dois anos todas as suas frentes de ação encontram-se enfraquecidas e em descrédito. O governo golpista e sua base parlamentar, que apesar da dura resistência que apresentamos, lograram obter o desmonte de direitos civilizacionais que remontam a dois séculos de lutas dos trabalhadores, estão cada vez mais cambaleantes, e com sérias dificuldades para aprovar novas medidas impopulares, como a reforma da previdência e a escola sem partido. Restou a Temer e seus aliados comemorar oscilações pífias nas pesquisas de opinião, que repetidamente tem mostrado o desprezo da população pelo bloco golpista. Pesquisas também indicam o descrédito crescente do judiciário e das grandes corporações midiáticas partícipes do golpe. Apesar dos esforços titânicos dos meios de comunicação para consolidar a convicção de que Lula é culpado e do bloqueio realizado contra qualquer informação que demonstre o contrário, as evidências, da honestidade de Lula, saltam do processo e hoje já são, graças as formas alternativas de comunicação, conhecidas de quase todos os brasileiros. Nada simboliza com mais clareza o fracasso do golpe, e a ruína de sua narrativa, do quê a preferência popular por Lula. Encurralados entre a farsa e os fatos os golpistas decidiram manter a farsa.
Cercados pelos movimentos sociais que se avolumam todo dia, completamente desacreditados pela opinião pública e apavorados com a ineficiência de sua artilharia pesada contra Lula, que se agiganta na preferência popular a cada nova investida do bloco jurídico-político-midiático, os golpistas decidiram, ao arrepio dos fatos, levar a termo o ridículo ritual jurídico que tem, exclusivamente, a finalidade de impedir que Lula dispute a eleição de 2018. Não se importam que a contradição entre as provas presentes no processo, que afirmam de forma incontestável a inocência de Lula, e o juízo final que estava pronto antes mesmo da investigação começar, Lula é culpado, tenha atingido as raias do ridículo e que as pedras já saibam que é tudo uma farsa. Os golpistas já passaram da fase de blefar sobre as cartas que teriam e agora decidiram que vencerão o jogo mesmo sem nada nas mãos. Contam com a inércia da população e com instituições sequestradas para que seja aceito, a força, um desfecho surreal: A condenação de Lula após provada de forma incontestável sua inocência. O golpe rasgou definitivamente sua fantasia e lançou luz sobre seu verdadeiro objetivo, manter a democracia prisioneira, sequestrando juridicamente, ao arrepio da lei se necessário, candidatos, e Lula com certeza é o mais importante, que representam os anseios populares. O objetivo final é limitar as escolhas da população aos políticos comprometidos com a plataforma golpista de desmonte do Estado, liquidação do patrimônio nacional e retirada de direitos dos trabalhadores. Não trata-se de impedir a população de votar e sim de algo mais sórdido, obrigá-la a votar contra seus próprios interesses através da transformação do processo eleitoral em uma farsa.
Por outro lado, quanto mais ficam claras as intenções dos golpistas e se aprofundam as injustiças e violências praticadas contra Lula, mais se alargam os círculos de solidariedade em torno dele. Amplos setores da sociedade brasileira já sabem não só que Lula é inocente, mas que também é o que o senador Requião apropriadamente definiu como “ponto de apoio” para alavancar novamente uma plataforma política voltada aos interesses da nação, indutora de desenvolvimento e soberania e promotora da justiça e da igualdade. Aprofunda-se, em uma velocidade vertiginosa, o fosso entre a farsa jurídica e a opinião popular. O que coesiona os golpistas estrategicamente, independentemente de suas divergências táticas, é a manutenção e aprofundamento de um projeto de redistribuição de riqueza que drene os recursos da nação de baixo para cima e da periferia para o centro, que tire dos pobres, do patrimônio nacional e do Estado para dar aos ricos e as potências capitalistas, estados e empresas transnacionais. A candidatura de Lula, e a certeza de sua vitória, com a inevitável promoção da justiça social que marcará seus governos, anunciam o fim do saque de riquezas e direitos da população. Cercado e em desespero o golpe resolveu subir as apostas, marcou para o dia 24 de janeiro de 2018 um confronto em que pretende subjugar a democracia, a verdade e a maioria da população. Enganam-se profundamente, os brasileiros já sabem que tem um compromisso marcado com a história. As informações que vem de todo o país dão conta de que legiões acorrerão a Porto Alegre no dia 24. Nós estaremos lá, para, junto com o povo brasileiro, colocar Lula sobre nossos ombros e dizer que basta, que a farsa terminou e exigir justiça. Daremos então o primeiro passo, em 2018, de uma ofensiva popular que, levará Lula a presidência da república e através dele derrotará o golpe, resgatando a democracia, o estado de direito e a riqueza e alegria de nossa gente.
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