Música da caravana tem Vandré e Hino Nacional
Paulo Moreira Leite
Assumindo a tradição das campanhas populares brasileiras, que costumam embalar mensagens políticas em composições de grande aceitação, a música “Caravana da Esperança” começa a fazer parte obrigatória da trilha sonora dos comícios de Lula pelo Nordeste.
Claro que não se trata de uma decisão oficial numa campanha que não possui sequer um marqueteiro profissionalizado. Mas há um consenso, entre os organizadores da campanha, que a canção pegou: costuma ser executada em boa parte dos comícios e seu refrão, frequentemente, é cantarolado pela plateia mais atenta. Nas últimas semanas, novos clipes com a canção foram publicados por dois parlamentares próximos a Lula -pelo deputado Paulo Pimenta, do Rio Grande do Sul, pelo senador Lindenbergh Farias -- e um terceiro encontra-se no site do Instituto Lula.
“Os cães ainda ladram mas a caravana passa,” diz um dos versos, numa obra cujo ponto forte consiste no refrão:
Olha o homem aí
Olha ele aí
Na rua, na luta de novo
Lula, o Brasil e o povo
Gravada por João da Passarada, a canção é uma composição do sergipano Theotonio Cruz Neto , o Theo, jornalista e publicitário de 65 anos de idade, bacharel em teologia, com atuação em agencias e veículos de comunicação em Aracaju, Salvador, Recife, São Paulo e Brasília. Em dois detalhes que só os ouvidos mais atentos já perceberam, o arranjo musical de “Caravana da Esperança” tem duas referências conhecidas pelos ouvidos de boa parte dos brasileiros. A introdução remete a inesquecível “Caminhando”, de Geraldo Vandré, que se tornou o hino da resistência à ditadura militar. A parte final reme ao Hino Nacional.
O 247 fez a seguinte entrevista, por escrito, com Theodomiro Cruz Neto:
247 – Como o senhor fez a música sobre a volta de Lula? Foi num lance repentino ou por etapas?
THEO – Nada programado. Foi um ato pessoal, espontâneo, meramente intuitivo e sem maiores pretensões. O Lula já estava com o pé na estrada e revivendo grandes emoções pelas ruas da Bahia...
247 – Por que resolveu fazer uma música?
THEO – Fiquei impressionado com as imagens, com as declarações de amor das pessoas e, assim, rapidamente, a canção saiu. Não se trata de um jingle de campanha política, mas apenas de uma singela canção para embalar com um pouco de música e poesia esse movimento cívico que o Lula está conduzindo pelo país.
247 – Você tem alguma formação musical?
THEO – Toco apenas um pouco violão, mas sem nenhuma formação musical acadêmica.
247 – Já fez jingles de sucesso?
THEO – Tenho feito muitos jingles - quase sempre em parceria com Beto Caju, meu filho, este sim, um músico profissional de alto nível - especialmente para campanhas políticas e institucionais de clientes de várias partes do país. Em Recife, Bahia, Goiânia e Belém algumas dessas peças chegaram a ser distinguidas, sim.
247 – Qual sua opinião sobre a sentença de Moro contra Lula.
THEO – Não esperava a condenação. Agora é seguir em frente, recorrer da sentença, apresentar novos argumentos de defesa e aguardar nova manifestação da justiça.
247 – Lula se manifestou sobre a música?
THEO – Acho que deve ter gostado. Caso contrário já teria mandado parar de tocar.(Risos)
247 – Como foi a reação entre publicitários?
THEO – Positiva. Tem sido boa a repercussão.
247 – Você é eleitor do Lula? Sempre foi?
THEO – Gosto do Lula, admiro sua história, reconheço seu trabalho pelo Brasil e especialmente ações do seu governo em beneficio do desenvolvimento e das pessoas mais pobres desse nosso país. Votei nele nas duas últimas vezes em que foi candidato.
247 – O refrão e muito bom. Como apareceu em sua mente?
THEO – Tentei passar em todos os versos as mensagens, as emoções, os sentimentos reais e verdadeiros que as pessoas que amam o presidente Lula expressam. O refrão é a síntese de tudo. É o coração das pessoas batendo.
247 – Qual a importância de assegurar o direito de Lula concorrer a presidência?
THEO – É legítima a luta do Lula, agora nos tribunais, para assegurar o seu direito de ser candidato à presidência da república. Torço que ele consiga. É muito importante para a política e para a democracia que ele possa vir a ser julgado também pelo povo brasileiro, nas urnas.
Paulo Moreira Leite
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