Brasil caminha para ter a comunicação 100% controlada por multinacionais; fim da privacidade num Estado vigiado por grandes corporações
Carlos Hetzel: Brasil caminha para ter a comunicação 100% controlada por multinacionais; fim da privacidade num Estado vigiado por grandes corporações
por Carlos des Essarts Hetzel, especial para o Viomundo
O atual trabalho da desinformação da grande imprensa brasileira, iniciado em 1964 através da criação do monopólio cruzado da Rede Globo, e mais recentemente pela Rede Bandeirantes, entre outras, conseguiu realizar o principal propósito da sua existência: transformar grande parte dos cidadãos brasileiros em uma massa de indivíduos sem cidadania e absolutamente nenhum sentido de nacionalidade.
Hoje, esse bando disforme assiste pacificamente à retirada dos seus direitos básicos e fundamentais.
Tudo promovido e executado pela afinada orquestra do golpe antidemocrático — mídia-executivo-Legislativo-Judiciário –, tendo como arranjador e maestro os EUA, o representante do capital transnacional.
Tudo promovido e executado pela afinada orquestra do golpe antidemocrático — mídia-executivo-Legislativo-Judiciário –, tendo como arranjador e maestro os EUA, o representante do capital transnacional.
Anestesiados, os brasileiros veem a destruição do seu Estado-País e a passagem do controle absoluto de suas vidas para as mãos de empresas, especialmente as transnacionais.
Leia-se: o sistema financeiro e o narcotráfico (sem separação e escala de valores).
De tão atual e verdadeira, a célebre frase do jornalista húngaro Joseph Pulitzer (1847-1911) parece escrita hoje, 27 de agosto de 2017, sobre o Brasil: Com o tempo, uma imprensa cínica, mercenária, demagógica e corrupta formará um público tão vil como ela mesma.
Estamos assistindo pacificamente, incluem-se aí as Forças Armadas, o desmonte completo da infraestrutura nacional e dos centros de pesquisa, vitais para o desenvolvimento de qualquer país, independentemente da cor político-partidária de quem está no poder.
Só para ficar nos casos mais conhecidos, cito estes:
*A venda/entrega de toda a cadeia de pesquisa, desenvolvimento e inovação da produção do petróleo/gás.
*Paralisação das atividades dos centros nacionais de pesquisas e das universidades públicas (para privatização), marcos de excelência na pesquisa e desenvolvimento.
*E principalmente o desmonte e a internacionalização completa do sistema de telecomunicações.
Por que classifico como principal as telecomunicações?
Pelo fato de que o setor tem o poder da transversalidade com TODOS os setores ativos da sociedade. E, através da TRANSVERSALIDADE, consegue-se controlar a informação.
E informação — até os ácaros do meu guarda-roupa sabem — é igual a poder.
Não é discurso, é fato.
É lógico, portanto, que quem controla a informação, controla o conhecimento. E o conhecimento é essência do poder.
E quem tem o poder nas mãos pode manter o restante a seus pés.
Logo, controlando a produção e o meio de transporte das comunicações, controlamos tudo que diz respeito ao ato de informar: o que, para quem, como e quando.
E como se pode ter esse controle?
Controlando as ferramentas de transporte da informação e dominando o estado da arte tecnológica.
Afinal, tecnologia se domina e se controla com mais tecnologia, conhecimento e expertise. Que sirvam de exemplo os hackers e centros de guerra cibernéticos israelenses, americanos, russos, franceses!
Existem diversas outras formas de atuar. Vou citar o modus operandi de apenas um deles: o controle operacional das hubs e as centrais telefônicas.
Hubs, também conhecidas como backbones, são os centros de conexões de internet, fibras. É por onde trafegam TODAS as informações da rede.
São locais-chave. Neles, passam todas as conversas entre nós, mortais, assim como o conteúdo produzido pelos meios de produção da informação, pública ou privada, inclusive o que você faz.
A informação produzida –transportada obrigatoriamente pela infraestrutura de telecomunicações– passa pelos locais-chave. Aí, com um simples terminal de computador, podemos acessar as conexões e monitorar o que trafega, o que é transportado.
Podemos, assim, interromper o transporte da informação, impedir, alterar, inserir, criar interferências, gravar, entre outras alternativas.
E o que isso tem a ver com o dia a dia?
Tudo. Com o meu, com o seu dia a dia.
Atualmente todo sistema de comunicação necessita de propagação.
Logo, vale para o sistema privado, comunitário, governamental, estatal ou público, radiodifusão (rádio e TV em rede), imprensa escrita, mídia digital, blogs, e-mails, whatsApp, telegran, facebook.
Ou seja, o conteúdo que esses meios produzem precisa de transporte, que pode ser feito de várias maneiras: ondas eletromagnéticas, pulsos elétricos ou de luz, através de radiotransmissores, satélites, fibras ópticas, cabos submarinos e de cobre (em pleno uso e muito lucrativo, embora as operadoras de telefonia, estrategicamente, insistam em negar).
E, aí, algo que a imensa maioria das pessoas não se dá conta: o conteúdo feito pelas empresas de comunicação ou por processo individual e/ou pessoal não existe como um fim em si mesmo.
Esses conteúdos só passam a ter existência real devido à telecomunicações.
Sem elas, não há propagação do conteúdo, não se consegue a tão sonhada universalização, a necessária massificação.
Sem essa propagação, a mídia e as redes sociais perdem o objeto da sua existência, que é o de informar o coletivo, ou seja, universalizar a informação.
Essa realidade nunca foi compreendida pelos profissionais da imprensa. E, se entendida, nunca valorizada, salvo raríssimas exceções.
Da mesma forma, a comunicação bidirecional feita entre pessoas, através das redes sociais, telefonia celular e fixa, necessita de conectividade, de transporte do conteúdo.
É importante aqui salientar que, com raras exceções, a infraestrutura de telecomunicações existente no Brasil foi implantada durante o período do monopólio estatal, quando existia a holding Telebrás.
Na privatização de todo o setor, elaborado e executado a preço de banana pelo governo FHC, essa infraestrutura passou para as empresas operadoras privadas, como empréstimo, para que pudessem dar continuidade aos serviços de telecomunicações.
Esse empréstimo deverá ser devolvido à União no final do contrato de concessão, daí o nome de bens reversíveis.
Só que esses bens reversíveis e o espectro de frequência compõem as ferramentas necessárias para transportar todo o conteúdo produzido.
Por isso, as grandes corporações estão atuando fortemente junto aos poderes da União, principalmente no Congresso Nacional, para ficar com todos os bens reversíveis de preferência, graciosamente. Exemplo disso é o projeto de lei da Câmara n°79, hoje no “no forno” do Senado, esperando o momento certo para sanção presidencial.
Tudo o que é falado, escrito, registrado por imagens e vídeos, armazenado, é produção de conteúdo.
Quando transportados, formam as comunicações. As comunicações, por sua vez, estão sob o controle das operadoras de telecomunicações, todas multinacionais.
Até o recém-lançado satélite brasileiro de comunicação e defesa – o SGDC –, a partir de setembro, segundo proposta da Telebrás, terá grande parte dos seus canais de comunicação entregues para essas mesmas operadoras.
Resultado: o controle completo das comunicações brasileiras estará integralmente nas mãos de empresas transnacionais.
É a EXTINÇÃO da privacidade das comunicações!
É a nossa Constituição mais uma vez violentada por esse (des)governo. No seu artigo 5°, Dos Direitos e Garantias Fundamentais, ela dispõe:
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:IX – é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença;X – são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;XII – é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal.
É mais um dispositivo da Constituição desrespeitado. Mais um do rol dos artigos que a Constituição prevê mas não garante, obra e arte da agressão e falta de compromisso com os direitos e garantias fundamentais do cidadão brasileiro.
É o domínio de corações e mentes pelos operadores do mercado financeiro internacional, que — atenção! — são donos também dessas empresas de telecomunicações.
Em parceria e total colaboração dos entreguistas e apátridas brasileiros, principalmente a grande mídia nativa, eles dominarão a totalidade do setor mais estratégico e vital para a segurança do cidadão e das suas instituições.
Esse controle lhes dará conhecimento de tudo que falamos, escrevemos, conversamos, registramos, armazenamos. Ou seja, tudo que produzimos no universo da comunicação.
É um caso de Segurança Nacional, pois afeta a nossa soberania.
Esse é mais um exemplo de um Estado que trabalha de costas para a sociedade, estuprando continuamente a Constituição. O artigo 1º dos Direitos Fundamentais é taxativo:
Art. 1° A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:I – a soberania;
II – a cidadania;
III – a dignidade da pessoa humanaA estratégia de manter a grande maioria da população na ignorância, desinformados ou informados com mediocridades, com meias verdades ou através de conteúdo distorcido e/ou irreal, através do controle de tudo o que se produz e se transmite, tem o poder de dividir, emburrecer e infantilizar, para assim, escravizar física e mentalmente a sociedade brasileira.
Essa é a base do negócio dos representantes do mercado transnacional em parceria com a dita oligarquia nacional.
Este foi o método utilizado pelos nazistas para aniquilarem 6 milhões de seres humanos.
É o Estado vigiado pelas grandes corporações.
É o grande irmão do livro 1984, de George Orwell, saindo da ficção e se tornando realidade no Brasil de 2017.
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