O juiz Sergio Moro finalmente criou coragem e tomou a decisão que vinha cozinhando desde o início da Operação Lava-Jato: condenou o ex-presidente Lula a 9 anos e seis meses de prisão por crimes que ele não cometeu, ou seja, supostamente por ter recebido R$ 3,7 milhões em propina por meio da reforma de um apartamento no Guarujá, que não é dele, e do armazenamento dos presentes que recebeu quando no exercício do cargo. A sentença não surpreendeu a ninguém, pois todo mundo já sabia que a missão do magistrado de Curitiba, fazendo a sua parte no processo do golpe que destituiu a presidenta Dilma Rousseff e colocou Temer no poder, era precisamente impedir o líder petista de voltar ao Palácio do Planalto. Por isso, ele seria condenado de qualquer maneira, mesmo sem um fiapo de prova que pudesse incriminá-lo de qualquer coisa, porque a sua condenação já havia sido decidida antes mesmo de iniciada a devassa na sua vida. Óbvio que foi uma vergonhosa decisão política.
O magistrado, que ganhou fama no comando da Lava-Jato e se gaba de ter colocado na cadeia ex-ministros, parlamentares e importantes empresários, deverá incluir agora mais uma bravata no seu currículo: condenou um ex-Presidente da República, na verdade, o maior de todos. E ainda teve a desfaçatez de escrever na sentença que "a presente condenação não traz a este julgador qualquer satisfação pessoal", acrescentando que "é de todo lamentável que um ex-presidente da República seja condenado criminalmente, mas a causa disso são os crimes por ele praticados". Que crimes?? E completa com um deboche: "Prevalece, enfim, o ditado "não importa o quão alto você esteja, a lei ainda está acima de você". E ele ainda se declara julgador, embora tenha se comportado o tempo todo como acusador. A quem Moro pensa que engana? O Supremo apenas finge que não vê, porque também faz parte desse complô, articulado pela elite, destinado a tirar Lula de circulação, já que não conseguem vencê-lo nas urnas. Isso, porém, ainda não significa que ele foi retirado do páreo sucessório. A luta está apenas começando.
E enquanto o juiz Moro condena Lula por crimes que ele não praticou, o Supremo libera Aécio Neves para voltar a achacar empresários, solta seu primo Fred e Rocha Loures, os homens flagrados carregando malas com R$ 500 mil, e assiste impassível o usurpador Temer, acusado de receber propinas milionárias, usar o dinheiro público para comprar votos no Congresso Nacional que lhe assegurem a impunidade. Ao se politizar, não tomando as decisões de sua alçada como guardiã da Constituição, a nossa Justiça, lamentavelmente, se desmoralizou. Com a aprovação do fim da CLT, que marcou um dos maiores retrocessos no país, o presidente da Câmara dos Deputados e próximo presidente da República, Rodrigo Maia, já defende a extinção da Justiça do Trabalho, por absoluta falta de utilidade. Ele poderia também incluir no pacote a extinção do Supremo Tribunal Federal, por igual falta de função, já que há muito deixou de cumprir a missão que a Carta Magna lhe destinou. Transformou-se numa instituição política, papel que pertence ao Parlamento.
O apagão que deixou o Senado às escuras, por ordem do seu presidente Eunício de Oliveira, simboliza com perfeição o período de trevas em que Michel Temer e seus parceiros – o Congresso, o Supremo, o empresariado e a mídia – mergulharam o Brasil. A aprovação da tal reforma trabalhista por 50 senadores que se dizem representantes do povo – um escárnio – foi mais um capítulo dessa história escrita com hipocrisia e cinismo por essa gangue que tomou o país de assalto e que, se permanecer controlando o poder por mais tempo, vai leva-lo de volta ao passado. E infelizmente, por mais que se apure a visão, não se consegue enxergar uma luz no fim do túnel. A possível saída de Temer, embora manobre abertamente, inclusive com o dinheiro público, para permanecer no poder, não muda nada. Como disse a senadora Gleisi Hoffmann, será apenas a troca de seis por meia dúzia, já que Rodrigo Maia é Temer mais novo e de pescoço torto. Tudo vai continuar como dantes no quartel de Abrantes, inclusive a permanência dos ministros e conselheiros acusados de corrupção. Ele já disse que vai manter a equipe econômica, como querem os "patrões", e dar prosseguimento às "reformas".
A curto prazo só uma hecatombe poderia trazer de volta o Brasil que havia saído do mapa da fome, o Brasil que ampliou as oportunidades de estudo e trabalho para negros e pobres, o Brasil que se tornou respeitado entre as grandes potencias mundiais. Seria necessário zerar tudo, promover novas eleições gerais, dando ao povo a oportunidade de escolher seus governantes e expurgar os traidores da pátria do Congresso Nacional; e escolher uma nova Suprema Corte, com ministros realmente comprometidos com os interesses maiores da Nação e do seu povo. Como isso parece uma utopia, os brasileiros, inclusive os paneleiros e amarelinhos que pediam a saída de Dilma, vão ter de conviver ainda um bom tempo com falsos representantes do povo que, indiferentes aos males causados ao país, fizeram do Congresso Nacional uma pocilga, chafurdando na lama da corrupção e usando o mandato para a defesa dos próprios interesses. Até quando?
Ribamar Fonseca
https://www.brasil247.com/pt/colunistas/ribamarfonseca/306051/Moro-condena-Lula-sem-provas-e-STF-solta-presos-com-provas.htm
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