Por Romulus & “Dom Cesar”
A análise financeira das empresas do Grupo Globo entre 2014 e 2016 é reveladora: nem os Marinho acreditam no futuro da Rede Globo!
As fragilidades financeiras das empresas do Grupo, combinadas com saques bilionários!, na forma de pagamento de dividendos aos irmãos Marinho, indicam que os donos estão, discretamente, partindo para outra (!)
("outra" qual? Será no Brasil??)
E, nessa travessia, só o BNDES – e a publicidade estatal – salvam: sem a receita oriunda do Estado entrando no fluxo de caixa e sem a rolagem da dívida junto ao BNDES – para a qual os Marinho não têm garantia! – a Globo já era.
Por isso, com Temer enterrando a denúncia de Rodrigo Janot na Câmara em agosto, a Globo terá de dar a meia volta mais humilhante de sua história!
Como todos sabemos, desde março passado a Globo foi para o tudo ou nada contra Temer e...
(aparentemente...)
- ... PERDEU!
Como a sua “sobrevivência” (temporária...) no curto e no médio prazo depende totalmente do governo, não restará opção à Globo a não ser voltar a ser “chapa branca”.
Tão chapa branca como na alvorada do Golpe (!)
Mas...
Nessa equação de potencial “volta ao equilíbrio”...
Ainda faltam duas variáveis chave:
- A JBS – maior anunciante privada da Globo; e
- Raquel Dodge, a nova PGR.
Algumas perguntas:
- Joesley aceitará a derrota e, junto com a Globo, dará meia volta?
- Quais serão os custos – inclusive penais! – de uma retratação (parcial) do “delator”?
- A ofensiva de Estado contra o grupo JBS cessará, com Joesley entrando – ou melhor: “sendo entrado”! – no “Acordão”?
(“Acordão” esse pela governabilidade! Enterrando de vez a tentativa de golpe noocrático, visando a implantar a “Noocracia (escamoteada!)”/ “‘Democracia’ à iraniana” no Brasil)
- Como parte do processo, Raquel Dodge mostrar-se-á disposta a, em tese, dar um cavalo de pau no legado de Janot na PGR (e, talvez, “cortar na carne” do MPF...), ameaçando rever os benefícios escandalosos concedidos a Joesley, diante das tantas comprovações de que ele mentiu em diversos pontos de sua delação?
- Estará disposta a pagar o custo de imagem de ser percebida pela parte mais esclarecida da opinião pública como... “corredatora do tal do ‘Acordão’”?
Notem: esse “custo” não é lá tão alto...
Isso porque não precisa ser “assumido” publicamente. Basta que Dodge faça as ações contra quem entrou – ou “foi entrado” – no “Acordão” ~não~ andarem.
E, no verso da moeda, “incentivar” a adesão de recalcitrantes fazendo as ações que os envolvem andarem “ligeiras”.
*
A seguir, “Dom Cesar” – pseudônimo daquele executivo amigo do Blog – analisa em detalhes as demonstrações financeiras das Organizações Globo de 2015 para cá.
Seus achados são reveladores.
*
Análise financeira do Grupo Globo entre 2015 e 2016:
- As fragilidades financeiras das empresas do grupo.
Segundo dados divulgados no Relatório da Administração das empresas do Grupo Globo (Globo Comunicação e Participações S.A.) relativas ao ano de 2016, a receita líquida com vendas, publicidade e serviços teve uma redução de 4,4% em relação a 2015. No ano de 2016 as áreas de televisão, mídia impressa, negócios musicais e internet contabilizaram R$ 15,332 bilhões. Em 2015 esta receita foi de R$ 16,045 bilhões.
O item seguinte refere-se ao lucro bruto de R$ 5,280 bilhões no período de 2016, uma redução de 23,25% ao do ano anterior. Esta redução no lucro bruto pode ser explicada como efeito da variação dos custos das vendas, publicidade e serviços que aumentou 9,67% entre 2015 e 2016. No que tange ao resultado operacional líquido do grupo antes do resultado financeiro e dos investimentos (número semelhante ao EBITDA, porém inclui as despesas de depreciação e amortização), tivemos uma redução de 40,06%.
Esta deterioração nos números do resultado operacional líquido das empresas (conforme consta nas demonstrações dos resultados do consolidado), pode ser explicada pelo insucesso na política corporativa de redução de despesas operacionais, eis que as despesas comerciais recuaram módicos 9,05% e as despesas administrativas e gerais apenas 2,74%, diante de um lucro bruto que já havia sofrido uma redução substancial de 23,25%.
Ao avaliar e evolução do lucro antes do IR (imposto de renda) e CSLL (contribuição social sobre o lucro líquido) observou-se uma expressiva redução de 39,18%, variação essa amenizada por causa do resultado financeiro líquido (positivo). Temos aí uma evidência da fragilidade financeira da holding da família Marinho, tendo em vista que o “truque” foi obtido pela elevação dos resultados financeiros, principalmente com a variação cambial e operações de “hedge” (as mesmas que quebraram a Sadia e Aracruz Celulose no ano de 2008).
(Romulus: Notem – a Globo está hedgiada em dólar. No curto prazo, seu interesse financeiro é pela implosão do Real.
Por isso tem apoiado a destruição da economia pela Lava a Jato.
Ademais, em março circularam relatos dando conta de que, nos dias que antecederam o vazamento do grampo de Joesley Batista em Michel Temer, a Globo, assim como o próprio Joesley!, teriam aumentado sua aposta contra a moeda brasileira. Se for o caso, exemplo cristalino de insider trading!)
Do ponto de vista prático, podemos afirmar que a disparada do dólar, provocada pela crise política, evitou que a holding dos Marinho tivesse um prejuízo em 2016 e 2015. Não há como negar que estas empresas do grupo se beneficiaram financeiramente da instabilidade política provocada pelos veículos do Grupo Globo.
Outro aspecto que chamou a atenção foi a abrupta redução no recolhimento de tributos, supostamente obtida por mecanismos de elisão fiscal. Em 2015 as empresas do grupo recolheram R$ 1,224 bilhões, ao passo que em 2016 este montante caiu para R$ 0,653 bilhões, uma redução de 46,61% em apenas um ano. Em termos relativos houve um recolhimento percentual de 28,53% (em 2015) que passou a 25,04% em 2016, sem que houvesse qualquer mudança substancial na política tributária do governo que justificasse tamanha diferença.
Voltando ao tema dos resultados financeiros do grupo, estes funcionaram bem no passado recente. Para o cenário de 2017 em diante para que os resultados positivos se repitam seria necessário que o dólar continuasse a subir ininterruptamente. Ocorre que este cenário é pouco plausível, a não ser que a emissora continue insistindo na agenda da crise política e na contaminação da economia pela crise institucional provocada pelas investigações da operação “Car Wash”.
De outro lado, caso a crise institucional e política seja controlada é forte a possibilidade da moeda norte-americana ter suas cotações estabilizadas, perdendo a tendência de subida, podendo até mesmo vir a cair. Dessa forma, a viabilidade econômico-financeira do Grupo Globo teria que ocorrer pelo lado dos aumentos das receitas e da redução dos custos e das despesas operacionais das empresas ligadas à holding.
(Romulus: como registrado aí em cima, o que se tem observado no período é justamente o contrário: receitas decrescentes e incapacidade de reduzir significativamente custos e despesas operacionais)
É sabido que a maior parte das receitas das empresas do grupo vem da publicidade governamental. O poder da Globo como máquina poderosa de comunicação social é algo que existe no Brasil desde os anos 60, época da ditadura militar. Nesse cenário podemos constatar o quanto a publicidade estatal, que sempre foi a vaca leiteira da carteira de negócios, tornou-se caso de sobrevivência para as empresas do Grupo Globo.
Essa importância torna-se ainda maior à medida que cresce a tendência mundial dos investimentos publicitários se dirigirem cada vez mais para a internet, onde as regras do bônus de volume não mais se aplicam (base de cálculo do faturamento não é mais o investimento bruto, mas o crescimento percentual do total do volume investido pelas agências nos veículos).
O governo recém deposto de Dilma reduziu sensivelmente os valores investidos nas empresas do Grupo Globo, incluindo a Rede de Televisão. Esse foi um dos motivos para a campanha contra o governo. A bandeira de “combate à corrupção” foi mero proselitismo hipócrita. Até porque a empresa já foi flagrada diversas vezes em práticas supostamente ilegais/ criminosas. Para eles era importante derrubar o governo Dilma pois em seguida poderiam empossar aquele que certamente após o golpe voltaria a anunciar pesadamente nos seus veículos, recuperando assim a saúde financeira de suas empresas.
Outro aspecto relevante que é possível observar é que a fragilidade financeira do Grupo Globo levou inexoravelmente a uma fragilidade política. Parte substancial das receitas das empresas dependem dos governos que a cada período de quatro anos são substituídos. Isto cria uma nefasta dependência das receitas das empresas que ficam à mercê da variável política que é imprevisível e incontrolável. Ainda mais no momento atual, onde grupamentos políticos do Congresso avaliam a possibilidade de aprovar a emenda constitucional que insere o sistema de governo parlamentarista.
Tamanha mudança seria péssima para os negócios do grupo, que desde a década de 60 utilizam a gigantesca máquina de comunicação e propaganda para pressionar governos e com isso assegurar sua participação no direcionamento do orçamento público. No sistema parlamentarista esse imenso poder, que hoje se concentra na figura do Presidente da República, seria em muito diluído, reduzindo em igual proporção a possibilidade do Grupo Globo pressionar ou coagir o governo a atender seus pleitos por verbas ou empréstimos governamentais.
(Romulus: a questão de como o Parlamentarismo reduziria o poder de fogo da Globo é detalhado no artigo “Globo vs. Temer: o exemplo mais ilustrativo da tragédia brasileira”)
Conclusão:
- Não resta dúvida de que as empresas do grupo possuem fragilidades de natureza financeira.
- Essa fragilidade financeira acabou levando a uma fragilidade política: total dependência do governo de turno.
- Essa redução de força política deverá, num futuro próximo, reduzir em muito a margem de manobra da família Marinho para continuar pressionando os governos.
A opção pelo Parlamentarismo, ora ventilada no Congresso e por Gilmar Mendes, diminuiria sobremaneira a alavancagem política da Rede Globo.
- Além disso, por conta da constante revolução tecnológica, as empresas precisarão investir pesadamente na atualização de equipamentos e na migração total para plataformas mais modernas.
- Dessa forma, precisará ainda mais de fontes de recursos subsidiados obtidos em bancos estatais, principalmente o BNDES, onde a empresa já possui contratos de financiamento.
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