Banana Republic: deu no New York Times o caso do espião da CIA cuja identidade foi revelada em Brasília
Kiko Nogueira no DCM
A revelação do nome do chefe da CIA no Brasil pelo general Sergio Etchegoyen virou notícia nos EUA.
“Dagger, but no cloak” (“Adaga, mas não manto”) é o título, uma referência a um antigo termo usado para as atividades de espionagem.
A agenda de Etchegoyen expôs Duyane Norman como “chefe do posto da CIA em Brasília”. Norman, portanto, está queimado.
Enquanto isso, Michel Temer passa vergonha na Rússia Soviética, onde foi vender as carnes de Joesley Batista. Putin já o esnobou no aeroporto.
República de Bananas, yes, we are.
O que fala o Times:
Oficiais de inteligência que gostariam de ser transferidos para o Brasil, tomem nota: uma simples reunião pode tirar sua cobertura.
O establishment político do Brasil foi surpreendido na segunda com a revelação aparentemente casual da identidade de um funcionário da CIA na capital, Brasília, pelo gabinete do general Sérgio Westphalen Etchegoyen, o principal funcionário de inteligência do país.
A equipe do general Etchegoyen mencionou o agente pelo nome e descreveu seu posto como “chefe” da CIA. em Brasília em uma agenda publicamente disponível das reuniões do espião no dia 9 de junho.
A revelação de um agente da CIA dessa maneira é altamente incomum, dado o segredo com o qual os espiões devem operar.
Mas o gabinete do general Etchegoyen disse em um comunicado que os funcionários são obrigados a divulgar sua agenda de acordo com a lei de liberdade de informação do Brasil, promulgada em 2011.
Os nomes e funções são registrados para observar o “princípio da publicidade” consagrado na Constituição brasileira, afirmou em comunicado.
Na mesma declaração, o estafe do general descreveu a reunião como uma “visita de cortesia” porque o funcionário da CIA estava encerrando suas atividades no Brasil.
Em Washington, o porta voz da CIA se recusou a comentar o assunto.
“Nós vimos os relatórios”, disse uma porta-voz da Embaixada dos Estados Unidos em Brasília, explicando que a embaixada não pôde confirmar ou negar.
A lei dos Estados Unidos trata como crime federal revelar a identidade de agentes secretos de inteligência, e o governo Obama combateu tais vazamentos.
Ainda assim, o episódio em Brasília ofereceu um lembrete de que as agências de inteligência em outros países podem ter que adaptar-se a regras diferentes.
A Agência Brasileira de Inteligência, ou Abin, foi criticada por divulgar a identidade das pessoas que tentam tornar-se agentes, enquanto os chefes de espiões brasileiros se queixaram da facilidade com que os agentes da inteligência são convocados a aparecer em audiências do Congresso que são televisionadas.
“O Brasil não é talhado para grandes maquinações do poder”, disse João Augusto de Castro Neves, analista político que encontrou a informação sobre a agenda do General Etchegoyen em um boletim informativo e enviou uma mensagem no Twitter sobre sua descoberta.
“Eu decidi realmente ler a coisa e notei [o nome do agente]”, disse Castro Neves, diretor para a América Latina do Eurasia Group, uma consultoria de risco político.
A revelação ofereceu uma distração de outros problemas enfrentados pelo governo do presidente Michel Temer, que tentava reestruturar o serviço de inteligência do Brasil desde que subiu ao poder no ano passado após a saída de sua antecessora, Dilma Rousseff.
O Sr. Temer, um líder profundamente impopular, está resistindo aos apelos para renunciar depois que foi gravado parecendo endossar a obstrução de investigações anticorrupção.
Curiosamente, essa pode não ser a primeira vez em que a identidade de um agente da CIA foi revelada no Brasil de forma tão casual.
O estafe do diretor da Polícia Federal divulgou o nome de pessoas que se diziam dois funcionários da CIA, incluindo o mesmo espião que está no centro da revelação deste mês, em uma publicação da agenda de 11 de julho de 2016.
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