EUA escolhem o Paraguai como ponto de partida para estender seu império na América
Resumen Latinoamericano/Sebastián Polischuk – Os últimos anúncios do presidente Horacio Cartes e as reuniões que seu governo vem realizando com funcionários do governo estadunidense desde fins de janeiro até a presença data, indicam uma maior presença de Washington sobre o norte do Paraguai, para controlar melhor aqueles que se opõem ao modelo neoliberal. Também se pretende continuar arrasando toda resistência possível e fortalecer o predomínio imperialista na região, como já vem fazendo com a Colômbia, Peru e México, ao mesmo tempo em que a Casa Branca considera a Venezuela como um país perigoso para Estados Unidos.
Estes acordos foram planejados após o anúncio do governo paraguaio, que declarou o “estado de emergência” nos departamentos de Canindeyú, San Pedro e Concepción, regiões onde operam o Exército do Povo Paraguaio (EPP) e a Associação Campesina Armada (ACA). Os acordos são apresentados com o objetivo de melhorar a produção agrícola e supostamente reduzir a pobreza através de maiores investimentos da parte dos programas da Agência do Governo dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID), além da capacitação de tropas paraguaias por parte do exército estadunidense para combater o EPP e o narcotráfico. Assim, é provável que os Estados Unidos instalem uma segunda base militar, já que a primeira foi instalada sob os mesmos argumentos.
Há poucos dias, Cartes reafirmava, assim como fizeram vários de seus funcionários, que o Estado deve ter mais presença nesses departamentos, fazendo eco às demandas das próprias câmaras e organizações empresariais agrícolas que vêm pressionando cada vez mais para que o governo reforce militarmente a zona contra o EPP e o ACA. Recentemente, Pío Ramírez, presidente da Associação de Produtores Agropecuários de Canindeyú, disse: “Temos problemas que nos preocupam, o fracasso do ministro do Interior, que falta ao cuidado com a segurança, e essa cultura de populismo, que vem ampliando as fileiras do EPP. Não podemos permitir”.
Há poucos dias, Cartes reafirmava, assim como fizeram vários de seus funcionários, que o Estado deve ter mais presença nesses departamentos, fazendo eco às demandas das próprias câmaras e organizações empresariais agrícolas que vêm pressionando cada vez mais para que o governo reforce militarmente a zona contra o EPP e o ACA. Recentemente, Pío Ramírez, presidente da Associação de Produtores Agropecuários de Canindeyú, disse: “Temos problemas que nos preocupam, o fracasso do ministro do Interior, que falta ao cuidado com a segurança, e essa cultura de populismo, que vem ampliando as fileiras do EPP. Não podemos permitir”.
Desde a década de 1990, estes mesmos empresários vêm aumentando seus patrimônios à custa do empobrecimento de camponeses e povos originários que sofrem o despojo das terras e as consequências dos agrotóxicos utilizados pelos latifundiários, os quais não pagam grandes impostos, diferentemente de outros setores.
Maior presença militar e a possível segunda base militar.
Em finais de janeiro, o Secretário da Marinha dos Estados Unidos, Ray Mabus, e a embaixadora estadunidense Leslie Ann Basset se reuniram com o ministro de Defesa Nacional do Paraguai, Bernardino Estigarribia, para afiançar as relações de confiança com o governo de Cartes, sob o suposto compromisso de paz, segurança, estabilidade e fortalecimento dos “valores democráticos”.
Nessa reunião, Mabus manifestou sua ideia de expandir ainda mais as relações históricas entre ambos os países e jogou peso na cooperação em matéria de defesa, que segundo ele é excelente. Também propôs que se continue com o intercâmbio, capacitação de oficias e suboficiais e o equipamento tecnológico para as Forças Armadas paraguaias.
Nessa reunião, Mabus manifestou sua ideia de expandir ainda mais as relações históricas entre ambos os países e jogou peso na cooperação em matéria de defesa, que segundo ele é excelente. Também propôs que se continue com o intercâmbio, capacitação de oficias e suboficiais e o equipamento tecnológico para as Forças Armadas paraguaias.
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Nestas capacitações, encontram-se os membros da inteligência militar e as tropas que integram o Centro de Treinamento Conjunto de Operações de Paz (CECOPAZ), que geralmente são usadas para combater o EPP e o ACA (1). A embaixadora estadunidense comentou que a ideia de fortalecer estes programas – principalmente na cibernética militar – visa a combater diversos delitos, entre eles o narcotráfico e a luta contra a insurgência. Não parece coincidência a ideia falida do governo de Cartes de que o parlamento paraguaio termine por incentivar o projeto “Pyraweb”, que pretendia controlar os movimentos de todos os usuários de internet dentro do Paraguai para a suposta luta contra o narcotráfico.
Segundo Pablo Ruíz, integrante dos Observadores da Escola das Américas, os Estados Unidos, com estas medidas, estariam preparando o terreno para instalar uma segunda base militar. O Paraguai conta com uma base militar estrangeira no departamento de San Pedro, conhecida como Centro de Operações de Emergências (COE), justificada pelo argumento de ajudar a população paraguaia frente às emergências ou desastres naturais.
Estas bases militares ou centros de operações permitem aumentar a vigilância e o controle das populações, além de contribuir com o treinamento sistemático de soldados estadunidenses em territórios latino-americanos, tal como manifestou Sandy E. Ramírez Gutiérrez, do Observatório Latino-americano de Geopolítica (2).
A aposta da USAID no Paraguai.
Cada vez mais, e em conjunto com a militarização especializada no Paraguai, aumentam os investimentos aos programas da USAID, organismo dos Estados Unidos criado em 1961. Esta instituição impulsiona supostos projetos sociais, pelos quais mobiliza várias organizações não governamentais. Porém, na verdade, esse dinheiro é utilizado para espionar os governos e financiar golpes de estado na América Latina, como no período do Plano Condor.
Na atualidade, o dinheiro da USAID é usado para contribuir com grupos de direita, como os que tentaram derrotar o ex-presidente venezuelano Hugo Chávez, ou formular uma falsa ajuda humanitária no Haiti para militarizar esse país. (3). Por sua vez, este organismo é o encarregado de implementar programas que fomentam os agronegócios e contribuem com as grandes agroindústrias em vastas áreas da América Latina, como acontece com o programa “Paraguai Verde”, entre outros.
Em 30 de janeiro passado, o ministro da Secretaria de Ação Social (SAS), Héctor Cárdenas, afirmou que nesses departamentos estão duplicando os esforços do Estado para ter maior presença na zona onde operam as guerrilhas, com programas patrocinados pela USAID, como é o Tekoporã (programa de subsídios para paliar a pobreza). O governo paraguaio assinalou que “desde o ano passado intensificamos nossa presença nesta zona. Por exemplo, Horqueta praticamente duplicou a presença do programa Tekoporá” (4).
Na sexta-feira, a embaixadora estadunidense Bassett confirmou que a USAID investirá 20 milhões de dólares em programas para promover o desenvolvimento econômico sustentável e, inclusive, em pequenas comunidades dessa região. Soma-se a isto o que, em fins de fevereiro, o diretor desse organismo no Paraguai, Fernando Cossich, explicou. Estão apoiando um programa de cooperação de cadeia de valor inclusivo. O projeto demanda um investimento de 10 milhões de dólares com a Federação de Cooperativas de Produção, que beneficia 20.000 pequenos produtores de Concepción, Canindeyú, San Pedro e Amambay (5).
Estes programas fazem parte das políticas de expansão do agronegócio, que tendem a impulsionar projetos a favor dos interesses internacionais e do mercado global. Enquanto isso, empresários agrícolas despojam cada vez mais camponeses e povos originários de suas terras e, inclusive, incentivam a quebra de suas economias, como o gergelim e a chía, conforme proposto pela própria USAID (6).
Tampouco parece fora de lugar que hoje em dia se decida colocar mais peso estatal e de presença estadunidense no norte paraguaio, onde os camponeses e povos originários lutam para sobreviver e resistir, e lutam por uma economia autônoma, que se contrapõe aos grandes projetos agroindustriais que enfraquecem suas economias e favorecem as demandas dos grandes empresários.
Dada a resistência que existe nessa zona, não é por acaso que lá estejam instaladas bases militares e se aumentem em maior medida as capacitações das Forças Armadas paraguaias para controlar não apenas a grande parte da população local, sob a cara lavada de ofertar supostos programas sociais e econômicos.
Em termos regionais, a presença estadunidense é uma das maiores apostas que o imperialismo tem para quebrar ainda mais a unidade dos países latino-americanos. Isto vai ao encontro da consolidação cada vez maior das relações entre o presidente Cartes, o grande empresário agrícola (dono de 26 empresas) e o governo estadunidense. O próprio Cartes acaba apoiando declarações contrárias à Venezuela. Por sua vez, o parlamento paraguaio decidiu enviar uma comissão para avaliar a situação particular da Venezuela, acusando esse país de violador de direitos humanos. Nada disseram sobre a tentativa de golpe de Estado contra o governo do presidente Nicolás Maduro e o assédio constante sofrido pelo país, proveniente de grupos de direita apoiados pelos Estados Unidos.
Não podemos esquecer que o Estado paraguaio é um dos maiores países latino-americanos em violação dos direitos humanos, segundo diversos informes e sanções da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH). Nem o titular das Nações Unidas, Ban Ki Moon (que visitou o país recentemente), nem Barack Obama se queixaram disto, pelo contrário, avalizam tal postura.
Traduzido para publicação em dinamicaglobal.wordpress.com
Fonte: http://port.pravda.ru/cplp/portugal/21-03-2015/38331-estados_unidos-0/
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