Faremos a maior greve geral da história do país, diz presidente da CUT



CONTRA REFORMA DA PREVIDÊNCIA
Vagner Freitas afirma que Judiciário cria insegurança jurídica e social com condenação de Lula. Stédile, do MST, diz que movimentos não permitirão que ex-presidente seja preso
por Redação RBA 
ROBERTO PARIZOTTI/CUT
Vagner Freitas
Pera presidente da CUT, elite econômica do país não terá paz nem atividade econômica com agravamento da crise social
São Paulo – Se o governo e a Câmara dos Deputados tentarem pôr em votação a “reforma” da Previdência no dia 19 de fevereiro, como têm anunciado, o Brasil terá a maior greve geral de sua história. A declaração foi feita pelo presidente da CUT, Vagner Freitas, nesta quinta-feira (25). A CUT foi anfitriã da reunião da direção do PT que oficializou hoje a indicação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a disputa presidencial em outubro.
“Temos que fazer uma rebelião para garantir o Estado Democrático de Direito e não vamos deixar os capitalistas rasgarem a Constituição. Eles serão derrotados nas ruas se não recuarem. Vamos desautorizar o TRF4”, avisou Vagner, associando a luta pelo direito de Lula de disputar a eleição à luta em defesa dos direitos dos trabalhadores. “A CUT nasceu defendendo a democracia e, por isso, este é o local adequado para este ato de resistência aos ataques golpistas contra os trabalhadores e contra Lula.”
Para o presidente da central, a decisão do TRF4 de manter a condenação do ex-presidente trouxe ainda mais insegurança jurídica e social para o Brasil, que desde o golpe de 2016 também vem atravessando um grande revés econômico. “Será que os capitalistas brasileiros, que foram os pais do golpe, acham que vão ter condições de crescer com o país arrebentado e com os trabalhadores descontentes?”, questionou. “Vamos fazer greve nos bancos de vocês, vamos fazer greve nas empresas de vocês, vamos fazer greve no agronegócio. O desempenho das empresas vai cair ainda mais, porque vocês arrebentaram as relações de trabalho e ganharam ainda mais insegurança jurídica. E a greve do dia 19 será ainda maior do que a de 28 de abril, quando milhões de trabalhadores cruzaram os braços.”

Candidato do povo

O coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), João Pedro Stédile, defendeu, minutos antes, além da greve no dia 19, uma agenda prolongada de resistência à consolidação do “golpe” que tenta tirar Lula da disputa. “No TRF4 o jogo era deles, deixando mais claro que o Poder Judiciário é contra o povo, que não tem compromisso com o Brasil. Isso não vai nos intimidar. Saímos mais revigorados”, afirmou.
O líder do MST disse ainda que “quem escolheu Lula como candidato foi o povo e não o PT”, mandando outro recado ao Judiciário e aos golpistas: “Não pensem que vocês mandam no país. Nós vamos impedir que Lula seja preso”. Stédile disse que, além do 19 de fevereiro, as ações do Dia Internacional da Mulher, no 8 de março, também terão essa abordagem de resistência em defesa de Lula, da democracia e dos direitos.
Ao lado de Raimundo Bonfim, coordenador da Central de Movimentos Populares (CMP), Stédile anunciou ainda que a Frente Brasil Popular – integrada por CUT, CMP, MST e outras dezenas de entidades – realizará “congressos populares” no maior número possível de cidades do país. O objetivo é ampliar a organização pela resistência nas ruas e discutir projetos para o Brasil “junto com o povo”. Os passos seguintes seriam a realização desse eventos em nível estadual, em julho.  “Vamos encher o Estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro, para definir a plataforma nacional dos trabalhadores.
Raimundo Bonfim reforçou que o povo brasileiro não vai se aquietar. “Não vamos respeitar a farsa construída ontem pelo Judiciário. Não há outro caminho senão o povo nas ruas, senão a desobediência civil. Se eles não respeitam a Constituição de 1988, também não serão respeitados”, afirmou, referindo-se ao uso do sistema de Justiça para criminalizar as forças populares e a política.
Colaborou Solange do Espírito Santo, da CUT

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