"Vida humana não pode se resumir a trabalhar e pagar contas", diz Mujica

JORNADA CONTINENTAL

"Vida humana não pode se resumir a trabalhar e pagar contas", diz Mujica

Jornada Continental pela Democracia contra Neoliberalismo, realizada em Montevidéu, reúne mais de 3 mil militantes

Brasil de Fato | São Paulo (SP)
No primeiro dia da Jornada, movimentos denunciaram o retrocesso dos direitos trabalhistas no Brasil e na Argentina / JornadaContinental
"A vida humana não pode se resumir a trabalhar, pagar contas e fazer dívidas, como propõe o capitalismo. Defender o tempo livre e a liberdade é uma questão de princípios". A declaração do ex-presidente do Uruguai José Pepe Mujica foi feita nesta quinta-feira (16) durante a Jornada Continental pela Democracia e contra o Neoliberalismo.
O mandatário, que participou do painel “Seguimos em luta: desafios frente à onda conservadora e os ataques à democracia”, defendeu a construção de estratégias de luta baseada na solidariedade entre os povos e na sustentabilidade da vida, em contraposição ao modelo proposto pelo capitalismo.
O evento, que termina neste sábado (18), reúne cerca de 3 mil pessoas ligadas a movimentos populares das Américas na cidade de Montevidéu, capital uruguaia.
Também presente no painel, Karin Nansen, presidenta da organização Amigos da Terra, comentou a onda conservadora no continente, ao relembrar os golpes de Estado em Brasil, Paraguai, Honduras e Haiti, além dos ataques sofridos pelo governo do presidente Nicolás Maduro, na Venezuela. Ela ressaltou o papel exercido pelas transnacionais nesses processos.
"Essas empresas são participantes ativas dos golpes de Estado nos nossos continentes, pelo interesse na extração de recursos e é fundamental que formulemos estratégias conjuntas para resistir às transnacionais”, diz Nansen.
Ela também ressaltou o papel desempenhado pela imprensa latino-americana na consolidação desse cenário, ao destacar que "os grandes meios de comunicação, como ferramentas da direita internacional, buscam manipular nossos povos para alcançar seus interesses antipopulares. Somos testemunhas desses processos antidemocráticos impulsionados pela direita, que promove ataques constantes aos trabalhadores, aos camponeses, à população indígena e às mulheres".
Mobilização e paralisação
Nessa quinta-feira (16), participantes do evento se uniram a trabalhadores uruguaios que realizaram uma paralisação parcial em apoio à Jornada.
Durante a manifestação, os movimentos denunciaram o retrocesso dos direitos trabalhistas no Brasil, com a reforma trabalhista do presidente golpista, Michel Temer (PMDB), e na Argentina, com as reformas anunciadas pelo presidente Maurício Macri, do Partido Propuesta Republicana (PRO).
Histórico
A realização da Jornada Continental pela Democracia e contra o Neoliberalismo é parte do processo de articulação iniciado em Cuba, em 2015, por ocasião dos dez anos da derrota do projeto de instauração da ALCA (Área do Livre-Comércio das Américas) no continente.
A jornada busca construir alternativas e estratégias para combater o neoliberalismo defender a democracia nos países latino-americanos e caribenhos.
Fazem parte da articulação diversos movimentos sindicais, organizações camponesas, indígenas, feministas, ambientalistas e anti-imperialistas.
Edição: Vanessa Martina Silva | Tradução: Luiza Mançano

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