Um Brasil para todos

Um Brasil para todos

Ricardo Stuckert

As elites brasileiras se acostumaram a governar para 1/3 da população. É a proporção da população que o mercado requer para a reprodução do capitalismo. Uma porção que constitui o mercado de consumo sofisticado, certa porção como mão de obra qualificada, outra como mao de obra desqualificada. O resto são excedentes, que os governos tratam como excedentes do mercado: sem direitos, sem emprego formal, sem políticas sociais, sem escola, sem assistência de saúde.
O governo golpista tenta reduzir o país às dimensões do mercado. Só cabe quem cabe no mercado. Voltam a governar para 1/3 dos brasileiros. Pratica uma política sistemática e arrasadora de exclusão social, de redução dos cidadãos a indivíduos fragilizados e abandonados, gerando de novo uma enorme população de rua, de pobres e miseráveis.
O Brasil mudou durante 12 anos, passando a ter governos que incluíam a todos, com empregos formais, escolas, universidades, assistência de saúde, poder de compra. Não eram apenas indivíduos, mas cidadãos, isto é, sujeitos de direitos. O mercado interno de consumo popular passou a ser parte integrante, inerente, indispensável, para que a economia crescesse. Distribuir renda passou a ser prioridade dos governos. Passamos a ter um Brasil para todos. Todos os indivíduos passaram a ser cidadãos, com direitos e dignidade garantidos.
O projeto do Lula é, antes de tudo, o de recompor um Brasil para todos, em que todos caibam, em que ninguém viva abandonado, em que todos tenham direitos fundamentais. Sem isso uma sociedade é um aglomerado de pessoas lutando selvagemente para sobreviver, umas contra as outras, sem sentido da totalidade do pais, sem solidariedade, sem sentimento de justiça.
Nesse projeto cabem todos. Antes de tudo os mais fragilizados por politicas brutais de exclusão social. Por isso, nas Caravanas Lula se dirige prioritariamente a eles, para mobilizá-los pela defesa dos seus interesses, pela consciência do caráter do golpe e das vias de recuperação da dignidade e dos direitos que lhes estão sendo retirados.
Mas num Brasil democrático cabem todos. Cabem todos os que vivem do seu trabalho, que contribuem para a retomada do crescimento econômico centrado na economia produtiva e geradora de bens e de empregos. Cabem todos os que estejam de acordo com um projeto nacional soberano, solidário, integrador.
Cabem todos os que estejam de acordo em que todos possam expressar livremente suas opiniões, de forma democrática e sem difundir ódios e rancores.
So ficarão fora de um Brasil democrático os que insistam em viver da especulação financeira, do rentismo, canalizando para para a compra e venda de papeis os recursos que o pais precisa para voltar a crescer, gerar bens e empregos.
Só ficarão de fora os que insistam em monopolizar a formação da opinião publica, querendo preservar o privilegio de algumas poucas famílias em detrimento do direito à voz de todos os brasileiros.
Esse amplo movimento nacional vai muito além das formas de esquerda, tendo nelas seu eixo fundamental. As alianças nao se fazem pela fulanização – este sim, este não -, como se fosse escolha pessoal. Se faz a partir da formulação – que fazem as Caravanas do Lula - de um grande projeto de reconstrução nacional, em que se afirmem e se garantam os interesses de todos. Quem estiver de acordo, cabe, adere a um programa, mais além de subjetivismos e idiossincrasias
O Brasil precisa contar com todas as forcas possíveis para reverter a terrível derrota que o golpe impôs à democracia, aos direitos do povo e à soberania do país. Temos que conquistar grandes setores da população que se deixaram enganar pelas tramas do golpe, se não nos manteremos na minoria a que eles nos submeteram.
Lula representa o grande aríete para a ruptura do isolamento que nos foi imposto e que permitiu o golpe e os imensos retrocessos que vivemos. As Caravanas são o instrumento da construção da força social, econômica, política e cultural que nos permitira retomar a construção de um Brasil para todos. Nisso jogamos, neste próximo ano, o destino do nosso país por muito tempo e, em parte, também o destino de toda a America Latina.

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