Moniz Bandeira: patriota e anti-imperialista

Samuel e o que os diplomatas deveriam ler

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Moniz (E) e Brizola, em Paris, tentaram refundar o PTB de Vargas
Conversa Afiada reproduz texto de Samuel Pinheiro Guimarães, diplomata, secretário-geral do Itamaraty entre 2003 e 2009, em homenagem ao professor e historiador Luiz Alberto de Vianna Moniz Bandeira, falecido no último dia 10/XI aos 81 anos:

Luiz Alberto Moniz Bandeira: patriota e anti-imperialista


Luiz Alberto Moniz Bandeira dedicou sua vida ao Brasil e à luta contra o imperialismo.

Sua vida e sua obra são testemunhos desta dedicação. 

Foi jornalista desde jovem, trabalhando no Correio da Manhã, no Diário de Noticias e na Última Hora. 

Como jornalista, teve a oportunidade de conviver e de entrevistar as mais diferentes personalidades brasileiras, como Jânio Quadros, e estrangeiras, como Che Guevara. 

Assim desenvolveu a capacidade e o hábito de analisar e interpretar os acontecimentos e de procurar sobre eles se documentar. 

Foi Professor Titular de História, na Universidade de Brasília. 

Foi militante político da POLOP, foi preso, condenado e anistiado. 

Lutou na clandestinidade. 

Escreveu um de seus primeiros livros, Presença dos Estados Unidos no Brasil, quando se encontrava preso. 

O eixo de seu pensamento e de sua obra, de mais de trinta livros, traduzidos para o inglês, o alemão, o russo, o chinês e o espanhol, centenas, se não milhares, de artigos e de entrevistas, pode ser resumido em três palavras, que são os três desafios para o Brasil: desenvolvimento, democracia e soberania. 

Três desafios profundamente entrelaçados e que não podem ser vencidos isoladamente. 

Em Joao Goulart: as Lutas Sociais no Brasil e em seu livro sobre Jânio Quadros, Moniz Bandeira se apresenta como democrata convicto e autêntico e como um lutador pelo desenvolvimento do Brasil, assim como em suas obras sobre a integração latino e sul-americana. 

É em sua analise do imperialismo e das relações entre o Brasil e a Potência Imperial, que são os Estados Unidos, e sobre o Império americano e sua ação, que se encontra sua principal contribuição como intérprete da realidade política e como historiador, imparcial e preciso, mas militante. 

São obras imprescindíveis para diplomatas, historiadores, jornalistas e políticos que desejem e procurem conhecer a política internacional, a ação do imperialismo, e o Brasil: A Presença dos Estados Unidos no Brasil; João Goulart; As Relações Perigosas: Brasil-Estados Unidos; Brasil-Estados Unidos: A rivalidade emergente; De Marti a Fidel; Fórmula para o Caos, a derrubada de Allende; Formação do Império Americano; Argentina, Brasil e Estados Unidos; A Segunda Guerra Fria; A Desordem Mundial. 

Luiz Alberto nos deixou: sua obra sobrevive como guia e farol para todos os que lutam por um Brasil mais justo, mais desenvolvido, mais democrático, mais soberano.

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